PICARETAGEM DA PREVIDÊNCIA
Os economistas que detestam pobres e querem desmontar a Previdência apresentam-se como reis da objetividade. Supostamente, nós outros, escravos da ideologia, teimamos em ignorar a realidade.
Pois bem. José Oreiro, da UnB, apresentou ontem, em Brasília, um conjunto de números oficiais que mostra a manipulação a que estamos submetidos. Ele trabalha com mitos e fatos.
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Mito : Se a reforma da Previdência não for aprovada, os servidores públicos vão ficar sem receber salário em 2020.
Fato: A União tem mais de R$ 1,2 trilhão parados na conta única do Tesouro no Banco Central (18% do PIB). Num cenário apocalíptico, impossível de acontecer, se todos os bancos, fundos de investimento e fundos de pensão parassem subitamente de transacionar com títulos públicos, o Estado bancaria sozinho suas despesas por mais de dois anos.
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Mito: A Dívida Pública está numa trajetória explosiva
Fato: A taxa de crescimento da relação dívida pública/PIB está desacelerando e tende a se estabilizar num patamar que está na média dos demais países.
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Mito: Os gastos previdenciários respondem por mais da metade do orçamento da União.
Fato: Os números divulgados pelo governo ignoram as despesas com pagamentos de juros, que Oreiro chama de “despesa ausente”. Quando incluímos essa “despesa ausente” – uma anomalia brasileira – , o peso dos gastos previdenciários cai substancialmente.
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Mito: A reforma da Previdência, se aprovada na sua integralidade, irá resolver o problema fiscal do país.
Fato: O problema fiscal do Brasil não é excesso de gastos, mas crescimento anêmico. Não há solução para a crise fiscal no contexto de uma recessão que se eterniza.
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Oreiro terminou sua fala, fazendo um apelo a que o Congresso não se submeta a chantagens e debata com calma a necessária reforma da Previdência, amadurecendo com a sociedade os caminhos que devemos seguir. Esta também é a minha posição.
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As tabelas e comentários de José Oreiro estão no link.
https://jlcoreiro.files.wordpress.com/…/mitos-defeitos-e-eq…
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