Mudança de nome e outros modismos são maquiagens pouco convincentes para as siglas
Os marqueteiros convenceram os partidos políticos de que é possível salvar sua reputação carcomida. Basta mudar o nome, criar uma marca moderna ou adotar fórmulas do mundo empresarial. Em pouco tempo, eles vão descobrir que não há maquiagem que consiga esconder a desfaçatez de seus vícios.
O PRB (Partido Republicano Brasileiro) decidiu que responderá apenas por Republicanos. A ideia é se distanciar da sopa de letrinhas das demais legendas e abandonar a pecha de fisiologismo que marcou a sigla, conhecida por participar de governos de diferentes matizes ideológicos.
A reciclagem seria mais convincente se o partido fizesse uma limpeza dentro de casa. A Folha noticiou nesta quinta (2) que funcionários lotados em gabinetes de parlamentares da sigla usam o horário de trabalho para outras atividades.
Servidores remunerados Assembleia Legislativa paulista dão expediente na fundação mantida pela legenda e a assessora de um deputado atua numa entidade da Igreja Universal, umbilicalmente ligada ao PRB.
Nenhum banho de loja é capaz de levar frescor à velha prática de transformar gabinetes políticos em cabides de empregos. Sobram por aí funcionários remunerados com dinheiro público que, na verdade, trabalham em diretórios partidários, na igreja ou vendendo açaí.
Há outras inovações cosméticas na praça. Depois de se lambuzar no laranjal das eleições, o PSL resolveu criar um departamento de compliance para disciplinar o uso do fundo partidário. Apesar do escândalo ainda quente das candidaturas fantasmas, a advogada da sigla disse que o projeto vale apenas “para o futuro”.
Se a intenção fosse mesmo demonstrar honestidade, o partido não precisaria inventar moda. Bastaria ouvir a Polícia Federal. Nesta semana, investigadores anunciaram que há indícios concretos de fraude em campanhas comandadas pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Ele não só continua no cargo como se tornou frequentador assíduo do gabinete de Jair Bolsonaro.
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