Almanaqueiras: ou não queiras.

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quinta-feira, 14 de março de 2019

Só os alucinógenos salvam

A educação vai mal, mas o negócio do atual governo é armar as pessoas 

Mariliz Pereira Jorge 



Jair Bolsonaro levou cerca de sete horas para se manifestar sobre o massacre na escola em Suzano. Dez mortes já haviam sido confirmadas, mas o presidente, ou seja lá quem cuide de suas redes sociais, tuitava sobre as safras do milho e do algodão.

Mesmo o Brasil tão violento, choca o país inteiro a notícia de que dois jovens protagonizaram uma chacina num ambiente em que deveriam ser celebrados a juventude, o ensino e o futuro. Mas a velocidade de Jair em confortar a nação é lenta e revela que ele não tem o que falar quando as pautas saem do roteiro que consegue encenar.

O presidente é bom em discursar para a sua plateia, espalhar fake news e incitar a turba contra aqueles que cobram cada ato, pronunciamento e tuíte: os milhões de brasileiros que não lhe confiaram o voto. Para esses, ele parece não fazer questão de governar. Foi assim, terça (12), ao comentar a prisão dos dois acusados pela morte de Marielle: "Também estou interessado em saber quem mandou me matar". Não é uma flor de pessoa?

Uma chacina numa escola, justamente quando a flexibilização do controle da compra de armas é alvo de críticas de parte da sociedade, era tudo o que ele não precisava. Por isso, nenhuma palavra sobre o que foi usado no massacre e a similaridade com os vários casos em escolas dos Estados Unidos —onde é mais fácil para um menor comprar uma escopeta do que uma cerveja.

A única referência aos EUA veio do senador Major Olímpio (PSL-SP), que repetiu o que disse Donald Trump na reunião com estudantes sobreviventes dos atentados. Para Olímpio a tragédia seria evitada se professores e serventes estivessem armados.

O magistério paga mal, três em cada dez jovens e adultos são analfabetos funcionais, mas o negócio é armar as pessoas. Alguém, por favor, me conta que tipo de alucinógeno essa gente usa?! Só assim para acompanhar.

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