Jornal vê risco de campanha 'radicalizar ainda mais num país que parece ter perdido o controle de seu destino'
Após a primeira página do New York Times apontar “o declínio de uma nação”, agora o francês Le Monde publica o editorial “Brasil, o naufrágio de uma nação” (reprodução abaixo).
Em destaque, afirma que, “após a agressão ao candidato de extrema direita Jair Bolsonero, a campanha corre risco de radicalizar ainda mais num país que parece ter perdido o controle de seu destino”.
No texto, detalha que, “desde a destituição (impeachment) controversa da presidente de esquerda, o país parece ter perdido o controle de seu destino”.
Afirma que “tudo contribui para isso” e lista as balas perdidas que matam crianças em comunidades controladas por quadrilhas e os representantes da sociedade civil assassinados à luz do dia.
Acrescenta, por fim: “Alguns falam do suicídio de uma nação. É o que parece”.
MILITARES DE VOLTA
No France24, “militares estão de volta à política brasileira”, citando declarações de generais com ameaça de intervenção. O canal ouve acadêmicos de universidades americanas e latino-americanas, que apontam “nostalgia” da ditadura.
E o alemão Die Zeit ecoou entrevista do comandante do Exército, destacando no título que ele “alerta” contra uma candidatura de Lula, que “dividiria ainda mais a sociedade brasileira”.
‘NOT FOR BEGINNERS’
Um dia antes do ataque a Bolsonaro, a Universidade Harvard iniciou o curso “Política no Brasil”, como informou um professor por Twitter, lembrando que o país “não é para iniciantes”.
Entre os textos separados para os alunos estudarem, destacou o livro “Democratic Brazil Divided” (acima), lançado no final do ano passado por dois acadêmicos americanos, e uma coluna do NYT intitulada “Por que arrancar a raiz da corrupção mergulhou o Brasil no caos”.
GOLPE DOS EUA, NÃO
Após noticiar que os EUA debateram um golpe com militares venezuelanos, o NYT relatou a reação contrária do presidente boliviano Evo Morales, mas também do porta-voz do Conselho Nacional de Segurança americano, que falou em “transição pacífica para a democracia”, não golpe.
Outros, de centros de estudo ou lobby como Council on Foreign Relations e Inter-American Dialogue, também se disseram contra um golpe dos EUA. Porém Richard Hass, do CFR, se declarou aberto a uma “coalizão latino-americana”.
Ao fundo, a agência espanhola Efe, reproduzida em diversos jornais latino-americanos, noticiou que venezuelanos estão fugindo em massa do Brasil, depois do "linchamento" de um refugiado por brasileiros na sexta.
'NÓS TODOS'
Washington Post, Financial Times e NYT publicaram artigos de opinião sobre o incêndio no Museu Nacional, os três com a mesma mensagem —de que se trata de um alerta sobre o abandono de museus por governos do mundo inteiro. No enunciado do WP, “Nós todos estão sob risco de assistir à nossa história ir embora nas chamas”.
RODA DE SAMBA
Em contraste com seu próprio noticiário sombrio, o NYT deu longa reportagem sobre como as "mulheres se movem para o centro do samba" no Rio, com a foto acima, tirada por Maria Magdalena Arrellaga.
Nelson de Sá
Jornalista, foi editor da Ilustrada.
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