Almanaqueiras: ou não queiras.

Almanaqueiras: ou não queiras.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Le Monde já vê, em editorial, 'o suicídio de uma nação'

Jornal vê risco de campanha 'radicalizar ainda mais num país que parece ter perdido o controle de seu destino'

Nelson de Sá 


Após a primeira página do New York Times apontar “o declínio de uma nação”, agora o francês Le Monde publica o editorial “Brasil, o naufrágio de uma nação” (reprodução abaixo).

Em destaque, afirma que, “após a agressão ao candidato de extrema direita Jair Bolsonero, a campanha corre risco de radicalizar ainda mais num país que parece ter perdido o controle de seu destino”.

No texto, detalha que, “desde a destituição (impeachment) controversa da presidente de esquerda, o país parece ter perdido o controle de seu destino”.

Afirma que “tudo contribui para isso” e lista as balas perdidas que matam crianças em comunidades controladas por quadrilhas e os representantes da sociedade civil assassinados à luz do dia.

Acrescenta, por fim: “Alguns falam do suicídio de uma nação. É o que parece”.

MILITARES DE VOLTA

No France24, “militares estão de volta à política brasileira”, citando declarações de generais com ameaça de intervenção. O canal ouve acadêmicos de universidades americanas e latino-americanas, que apontam “nostalgia” da ditadura.

E o alemão Die Zeit ecoou entrevista do comandante do Exército, destacando no título que ele “alerta” contra uma candidatura de Lula, que “dividiria ainda mais a sociedade brasileira”.

‘NOT FOR BEGINNERS’

Um dia antes do ataque a Bolsonaro, a Universidade Harvard iniciou o curso “Política no Brasil”, como informou um professor por Twitter, lembrando que o país “não é para iniciantes”.

Entre os textos separados para os alunos estudarem, destacou o livro “Democratic Brazil Divided” (acima), lançado no final do ano passado por dois acadêmicos americanos, e uma coluna do NYT intitulada “Por que arrancar a raiz da corrupção mergulhou o Brasil no caos”.

GOLPE DOS EUA, NÃO

Após noticiar que os EUA debateram um golpe com militares venezuelanos, o NYT relatou a reação contrária do presidente boliviano Evo Morales, mas também do porta-voz do Conselho Nacional de Segurança americano, que falou em “transição pacífica para a democracia”, não golpe.

Outros, de centros de estudo ou lobby como Council on Foreign Relations e Inter-American Dialogue, também se disseram contra um golpe dos EUA. Porém Richard Hass, do CFR, se declarou aberto a uma “coalizão latino-americana”.

Ao fundo, a agência espanhola Efe, reproduzida em diversos jornais latino-americanos, noticiou que venezuelanos estão fugindo em massa do Brasil, depois do "linchamento" de um refugiado por brasileiros na sexta.

'NÓS TODOS'

Washington Post, Financial Times e NYT publicaram artigos de opinião sobre o incêndio no Museu Nacional, os três com a mesma mensagem —de que se trata de um alerta sobre o abandono de museus por governos do mundo inteiro. No enunciado do WP, “Nós todos estão sob risco de assistir à nossa história ir embora nas chamas”.

RODA DE SAMBA

Em contraste com seu próprio noticiário sombrio, o NYT deu longa reportagem sobre como as "mulheres se movem para o centro do samba" no Rio, com a foto acima, tirada por Maria Magdalena Arrellaga.

Nelson de Sá
Jornalista, foi editor da Ilustrada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário