Educação Estuprada
Dificultoso é encontrar na história da humanidade, um povo que não tenha varrido para debaixo do tapete algum caso de estupro. Exércitos, empresas, famílias, universidades e igrejas acobertam estupros rotineiramente. A Igreja Católica foi apenas a mais famosa organização religiosa a fazer isso quando bispos e padres foram acusados de abusar sexualmente de crianças no começo dos anos 2000.
Recentemente o Papa Francisco pediu várias vezes perdão e denunciou a “cumplicidade inexplicável” da Igreja Católica acerca dos padres pedófilos que cometeram abusos sexuais, afirmando que os crimes foram “camuflados com cumplicidade”.
Pois bem. Na política existem estupros e nela tudo pode. Imaginava eu que, a esta altura da vida, nada mais me surpreenderia em política. Mas pasmem. Assistir um ator pornô sendo recebido em audiência por um Ministro da Educação é, sem dúvida, uma das cenas mais patéticas de que se tem conhecimento em toda a história política brasileira.
No meu sentir, acho que tenha sido a cena mais chocante e pornográfica que esse astro tenha participado até os dias atuais: “entregando propostas” ao Ministro da Educação. A cultura do estupro. Deve ter sido uma peça rara, capaz de fazer estremecer o inesquecível Darcy Ribeiro.
Nada contra artistas pornô, mas assessorar-se em momentos de crise como a que vivemos, de desejo de extinção do Ministério da Cultura, é no mínimo estarrecedor. Ainda mais quando se sabe que em tempos volvidos, o Frota tenha se notabilizado por fazer apologia ao estupro em plena rede nacional de TV, é no mínimo estranho.
Demais disso, noutra oportunidade, o ator contou – em tom de piada – o episódio em que fez uma mãe de santo desmaiar ao forçá-la a manter relações sexuais sem o seu consentimento; “... ela não falou nada, então pensei: vou comer”. Plateia achou graça e aplaudiu a atitude. Para isto, as panelas silenciaram...
No episódio atual, a presença do astro pornô no MEC é a prova de que a Educação foi estuprada.
Em meados do século 20, pensadores acreditavam que "a maioria das mulheres têm a fantasia de ser estupradas" e que, afinal, era difícil saber se uma mulher que dizia "não" realmente não queria sexo. Por isso, "uma mulher precisa transmitir sua resistência com mais que um mero protesto verbal ou uma atitude infantil como o choro".
O que observamos se assemelha a um estupro explícito. Estupro da Educação. Então, faz-se necessário resistir.
Na prática, até hoje indícios de resistência e marcas de violência são essenciais para provar se o sexo foi consensual ou não.
Será que nossa educação foi oferecida pelo próprio Ministro para favores sexuais aos seus assistentes?
John Cartaxo
Nenhum comentário:
Postar um comentário