AS ELITES E O BANHEIRO
Notícia 1), hoje, O Globo: babá é proibida de usar banheiro feminino no Country Club, o clube mais chique (e metido) do Rio. A “infratora” cuida das 3 filhas de um sócio. O banheiro é "exclusivo para as sócias", que "lá deixam seus pertences". Leia-se: babá = raça inferior = suspeita de roubar.
Notícia 2), hoje, SBT: uma vendedora do Fashion Mall, o shopping mais chique (e metido) do Rio, ficou presa no banheiro e levou baita bronca do segurança: que fosse para o dos funcionários, segundo ela, imundo. O shopping confirma que as clientes "não estavam gostando de dividir o banheiro". Leia-se: a privada, o papel higiênico, a toalhinha, o espelho.
Semanas atrás, Paulo Sérgio Pinheiro postou aqui uma cena digna do séc. 19: no aeroporto de Paris, duas famílias brasileiras, prestes a embarcar na executiva, cada uma com uma babá. Babá DE BRANCO, dos pés a cabeça. Nem durante as 10 horas noturnas dentro de um avião as babás podiam pôr roupa normal, parecida com a da patroa. Paulo Sergio ilustrou o post com a foto abaixo, que é capa de um livro que eu traduzi: na época de Debret, as mucamas podiam usar azul e rosa.
Celso Furtado dizia que "as elites brasileiras pouco se identificam com a nação".
Darcy Ribeiro era mais contundente: "temos elites rançosas".
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