Almanaqueiras: ou não queiras.

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

a insustentável leveza de uma classe aventuresca.

   
Ivan Moraes Filho

Então peraí. Um dia aparece gravação de um ministro dizendo ter feito um puta acordo com o Supremo, com o Exército e o escambau pra derrubar a presidenta e frear a operação Lava Jato. Na sequencia, outra conversa. Dessa vez é o presidente do Senado dizendo com todas as letras que enquanto a presidenta queria discutir o Brasil, o ministro do Supremo preferia discutir aumento de salário.


Tá cada vez mais claro que quando se chamava a presidenta de "difícil", se estava afirmando mesmo é que ela não come conversa de corrupto. Longe de mim esquecer os inúmeros equívocos de Dilma no poder. Gastou demais, pedalou, não fez conta, não enfrentou a briga pela reforma política e da mídia, não se esforçou para taxar grandes fortunas nem pra repatriar o dinheiro de roubo que anda perdido pelo exterior.

Mas criminosa, ao que tudo indica, ela não é. Bem diferente de quem a afastou da cadeira que legitimamente ocupava. Impítima não é recall. Por mais que algumas pessoas queiram achar.

Desfelizmente, o jogo político no nosso país hoje é pautado pela maracutaia. Pelo toma-lá-dá-dá. Dos cargos por votos, dos aumentos por posicionamentos, dos canais de radiofusão por lealdade, do apoio por tempo de tevê na propaganda eleitoral.

Isso que chamam de "governabilidade" dentro do presidencialismo de coalizão é melhor traduzido por "safadeza" mesmo.

Se você pensa que vamos moralizar o Brasil sem reforma política, sem uma ampla discussão do nosso modelo de alianças, sem um intenso debate nacional sobre democracia direta e representatividade, eu acho (apenas acho), que você precisa se informar melhor.

Mas se você é da turma que acha que "a economia é o que interessa, o resto não tem pressa", pode ficar bem à vontade. Isso se você estiver no topo da pirâmide social, naturalmente.

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