Almanaqueiras: ou não queiras.

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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Que o Velho Chico molhe, enfim, a nossa terra



O Ciúme 
Caetano Veloso




Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia

Tudo esbarra embriagado de seu lume 

Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia 

Só vigia um ponto negro: o meu ciúme 

O ciúme lançou sua flecha preta 

E se viu ferido justo na garganta 

Quem nem alegre nem triste nem poeta 

Entre Petrolina e Juazeiro canta 

Velho Chico vens de Minas 

De onde o oculto do mistério se escondeu 

Sei que o levas todo em ti, não me ensinas 

E eu sou só, eu só, eu só, eu 

Juazeiro, nem te lembras dessa tarde 

Petrolina, nem chegaste a perceber 

Mas, na voz que canta tudo ainda arde 

Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê 

Tanta gente canta, tanta gente cala 

Tantas almas esticadas no curtume 

Sobre toda estrada, sobre toda sala 

Paira, monstruosa, a sombra do ciúme

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