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domingo, 5 de janeiro de 2014

A difícil arte de ser bizarro

Um novo livro mostra hábitos, acessórios e trajes que contrariaram o bom-senso – e o bem-estar – em nome da beleza e das regras sociais

FLÁVIA YURI OSHIMA - Época
Kindle

A difícil arte de ser bizarro (Foto: Divulgação)
Num dos maiores dicionários de língua portuguesa, bizarro recebe nove definições. Sete delas são elogiosas. Bizarro é aquele que se destaca pela aparência bem cuidada, por modos e trajes elegantes, briosos, nobres. O uso mais comum hoje é como sinônimo de esquisito, estranho e excêntrico. Essa definição aparece por último, como informal e recente.
Talvez nenhum outro adjetivo combine mais com moda que “bizarro”, em todos os seus nove sentidos. O que é bonito, garboso e elegante num dia pode virar esquisito e estranho no outro. O livro Última moda – Uma história do belo e do bizarro, dos historiadores e jornalistas ingleses Barbara Cox, Carolyn Sally Jones, David e Caroline Stafford (Publifolha), reúne boa parte da história de hábitos da moda de gosto e bom-senso duvidosos. É divertido e informativo, mesmo para quem não está nem aí com moda – ou especialmente para essas pessoas.
As ousadias e sacrifícios mal disfarçavam o desejo de se diferenciar. Nas cortes, leis suntuárias ditavam limites para o tipo de acessório e tecido que os súditos podiam usar para que não ostentassem roupas como as da realeza. Não foi possível manter esse controle por muito tempo. À medida que a indústria da moda se expandia e as classes mais pobres passavam a ter acesso a cópias dos acessórios reais, mais mirabolante a moda da alta sociedade se tornava. A ideia de exclusivo viveu muito tempo da arte de dificultar a confecção, o acesso à matéria-prima, até mesmo o uso dos artigos. Muitos dos trajes e acessórios que compõem o bizarro na moda eram mais do que curiosidades estéticas para os olhos de hoje. Alguns prejudicavam a saúde e chegavam a pôr em risco a vida de quem os usava. Armações de saias que levavam mulheres à histeria, estruturas de vestidos inflamáveis, até tintas de roupas que matavam e maquiagens que envenenavam. Os absurdos da moda foram terreno fértil para as críticas de costume do escritor francês Honoré de Balzac, que afirmou: “A moda nada mais é que um ridículo que não teme objeções”. E que diverte – para quem sobrevive a ela.
 
A difícil arte de ser bizarro (Foto: Popperfoto/Getty Images, divulgação, General Photographic Agency/Getty Images, The British Library/Robana via Getty Images, De Agostini/Getty Images, W. & D. Downey/Getty Images e Prisma/UIG via Getty Images)

 
Vilãs e vítimas históricas (Foto: Popperfoto/Getty Images, divulgação, General Photographic Agency/Getty Images, The British Library/Robana via Getty Images, De Agostini/Getty Images, W. & D. Downey/Getty Images e Prisma/UIG via Getty Images)

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