Conhecida por sequestrar Pedrinho, Vilma Martins é presa em Goiânia
Ex-empresária é suspeita de receptação de equipamentos roubados.
Ela cumpriu pena por subtrair dois bebês em maternidades de GO e do DF.
A ex-empresária Vilma Martins Costa, de 57 anos, foi presa em Goiânia, suspeita de receptação de materiais odontológicos furtados de uma clínica na capital. Ela ficou conhecida há cerca de dez anos, quando foi condenada pelos sequestrados de dois bebês, um deles Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedrinho, levado de uma maternidade de Brasília, em 1986.
Segundo o delegado Geraldo Caetano Brasil, plantonista do 20º Distrito Policial, Vilma foi detida no setor Jardim Planalto, na noite desta quarta-feira (22), quando estava dentro do próprio carro, um Fiesta preto, acompanhada da esteticista Sônia Eliene Silva, que também está presa.
Ao G1, Vilma alegou que Sônia Eliene é esteticista dela, para quem estava apenas dando uma carona. “Não devo nada. Só estava fazendo um favor. Nunca fiz nada de errado em 57 anos de vida”, defendeu-se Vilma Martins.
Já a esteticista garantiu que não sabia que os equipamentos eram furtados e alegou que estava fazendo um favor para um amigo. Disse que ele a pediu que vendesse os materiais.
O delegado contou que a denúncia foi feita por um homem para quem a dupla teria tentado vender os equipamentos. Ele conhecia a dona da clínica de onde os materiais foram furtados e acionou a polícia, afirmou Geraldo Caetano.
Vilma e Sônia Eliene prestaram depoimento e devem ser encaminhadas ainda esta noite para o 14º Distrito Policial da capital, onde há celas femininas. Elas vão responder por receptação.
Condenação
Vilma Martins foi condenada, em 2003, a 15 anos e nove meses de prisão por subtrair Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedrinho, e Aparecida Fernanda Ribeiro da Silva, retirados de maternidades de Brasília e Goiânia em 1986 e 1979, respectivamente.
Em junho de 2008, ela ganhou o direito de cumprir pena em regime aberto. Em agosto daquele ano, depois de ter cumprido um terço da pena, Vilma obteve a liberdade condicional.
A pena imposta à ex-empresária chegaria até 2019, mas Vilma Martins terminou de cumpri-la sete anos antes do previsto. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), ela foi beneficiada por três comutações de pena consecutivas, em 2009, 2010 e 2011.
A assessoria explicou que a comutação de pena ocorre por decreto presidencial no fim de cada ano. Para consegui-la, Vilma teria atendido critérios objetivos, como tempo mínimo de cumprimento da pena, e subjetivos, como bom comportamento e não reincidir no crime.
Caso Pedrinho
Pedrinho com os pais biológicos em foto de 22 de fevereiro de 2003 (Foto: Sebastião Nogueira/O Popular)
O caso Pedrinho comoveu o país quando ele foi sequestrado, poucas horas depois de nascer, no dia 21 de janeiro de 1986, em uma maternidade de Brasília. A imprensa divulgou amplamente o crime. Mesmo com o passar dos anos, os pais biológicos da criança, Jayro Tapajós e Maria Auxiliadora Rosalina Braule Pinto, nunca desistiram de procurar o filho. Mais de uma década depois do sequestro, as fotos do bebê foram publicadas em vários sites de pessoas desaparecidas.
Foram várias pistas falsas. Até que, em 2002, Vilma Martins foi reconhecida como a sequestradora do bebê, que ela registrou como filho e deu o nome de Osvaldo Martins Borges Júnior, em Goiânia.
O crime só foi descoberto porque Gabriela Azeredo Borges, neta do marido de Vilma, começou a desconfiar que Osvaldo era o recém-nascido sequestrado em Brasília. Isso porque ela viu a foto dele no site SOS Criança, órgão da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, e notou semelhanças com o neto do avô. A partir daí, continuou a investigar o caso pela internet.
Vilma Martins em foto de 20 de junho de 2008
(Foto: Weimer Carvalho/O Popular)
Ao acessar o site Missing Kids, ela encontrou uma foto do pai biológico de Pedrinho e também o achou parecido com Osvaldo e, então, ligou para a instituição, em Brasília, em outubro de 2002. A polícia retomou as investigações do caso.
Um exame de DNA comprovou a suspeita de Gabriela e desmentiu a versão que Vilma sustentava até então para a polícia, de que a criança havia sido entregue ao marido – já falecido na época das denúncias - por um gari, em Brasília.
Pedrinho se encontrou pela primeira vez com os pais biológicos em novembro de 2002, mas continuou morando em Goiânia com as irmãs. Somente no ano seguinte, ele se mudou para Brasília, onde passou a viver com Jayro, Maria Auxiliadora e os irmãos biológicos. O jovem cursou direito, tornou-se advogado, casou-se e, no final do ano passado, teve o seu primeiro filho. Durante todo esse período, ele manteve contato com Vilma Martins.
Caso Roberta Jamilly
No decorrer das investigações sobre o caso Pedrinho, a polícia descobriu que Vilma Martins também havia sequestrado outra criança, registrada por ela com o nome de Roberta Jamilly Martins Borges.
Usando a saliva que a garota deixou em uma ponta de cigarro quando foi prestar depoimento na delegacia, a Polícia Civil solicitou um exame de DNA, sem o consentimento dela, e confirmou que ela não era filha biológica da ex-empresária. O nome verdadeiro da jovem era Aparecida Fernanda Ribeiro Ribeiro da Silva, retirada ainda recém-nascida da mãe, Francisca Maria Ribeiro da Silva, em uma maternidade de Goiânia.
Na época da descoberta, Roberta Jamilly conheceu a mãe biológica, mas, ao contrário de Pedrinho, preferiu continuar morando com Vilma Martins.
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