RUA SANTO ANTÔNIO
Quando eu estudava no Colégio Estadual, no início dos anos sessenta, os estudantes circulavam pela Rua Santo Antônio, na época das chuvas, porque a Avenida Pedro Gondim, onde funcionava o Estadual, era de terra batida e não de paralelepípedo. Quando chuvia, era quase intransitável aquela avenida, porque tinha muitos buracos e ninguém se habilitava passar por lá para não se melar de lama. Era até bom passar pela Rua Santo Antônio, porque lá, tinha um barzinho, que era ponto de encontro dos meus colegas Kérson Maniçoba, Célio Cabôco, EdmarTebejim, Virgilio Augusto e William Carioca. Era o Bar do Paulista, onde a gente tomava meiota (garrafa meia de cachaça). Eu não sei o nome verdadeiro do Paulista. Ele era de Bonito de Santa Fé (PB) e morou por muitos anos em São Paulo. Em frente a esse bar, tinha uma mercearia, dos irmãos Claudenor e Glaucenor. Nessa rua tinha uma igrejinha (Igreja de Santo Antônio), onde eu frequentei algumas missas lá. Me lembro também de um morador famoso de Cajazeiras que morava no início da Rua Santo Antônio, quase paralela a entrada da Rua Sete Setembro. Era a casa do comunista Sabino Guimarães (Sabino da barbona), que ficava nos fundos do terreno e na frente um jardim bem grande parecido com um mini sítio. Nessa rua também morava minha professora de datilografia, Marta (ex-miss Cajazeirense).
SÉRGIO DAVID
O futebol de Cajazeiras em épocas passadas, teve grandes homens apaixonados pelo esporte, a exemplo de seu Sérgio David, que era alfaiate. Sua alfaiataria funcionava na Rua Tenente Sabino – hoje Calçadão da Tenente Sabino - entre a ótica de Edson Feitosa e o Mercadinho Peg Pag, de Alvino. Seu Sérgio David, por ser alfaiate, se vestia muito bem, andava de calça e camisa de linho, e gostava de usar (relógio, cordão e anéis de ouro). Quando seu Sérgio estava conversando com amigos, era impossível não está falando sobre o futebol de Cajazeiras, a exemplo do seu antigo clube de futebol Tabajaras e, principalmente, do Santos, no qual ele era o presidente. Aliás, o maior jogador de futebol de Cajazeiras de todos os temp os, Perpétuo (Péto), jogava no Santos. Nos dias em que o Santos treinava, eu ia para o Estádio Higino Pires Ferreira assistir ao treino. Eu, sentado na arquibancada junto com a gurizada, ficava observando seu Sérgio no meio do gramado, ao lado do treinador Valdecir. Ele sempre gostava de ficar bem próximo dos jogadores e do técnico, nos treinos. Ele tinha um gesto que fazia com o pé direito simulando que chutava a bola quando qualquer jogador que pegava a bola e ao chutar para outro jogador, ele fazia o gesto com o pé direito como se ele mesmo tivesse chutado a bola para esse outro jogador. Certo dia no treino, o atacante Teotônio ao lançar a bola para Peto, ela passou beirando o pé de seu Sérgio e ele, tranquilo, parou a bola e chutou de leve para Peto, que estava bem próximo. Eu ri pelo jeito como ele chutou como se ele estivesse jogando ao lado de Péto.
PEREIRA FILHO
Radialista
Rádio Nacional de Brasilia
jfilho@ebc.com.br
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