Almanaqueiras: ou não queiras.

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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A coluna de Nonato Guedes




Luiz Couto revela os bastidores da Operação Squadre na Paraíba

Por Nonato Guedes




O deputado federal Luiz Couto (PT-PB), em discurso na tribuna da Câmara, informou ter recebido dados relevantes sobre a Operação "Squadre", deflagrada pelo Ministério Público do Estado, Polícia Federal e Secretaria de Segurança e Defesa Social no último dia nove, prendendo policiais suspeitos de integrarem grupos de extermínio, de segurança privada clandestina e de extorsão a traficantes que atuavam na região metropolitana de João Pessoa.


Segundo confessou Luiz Couto, todo o planejamento da operação foi elaborado pela Polícia Federal de Brasília, e na Paraíba apenas o secretário de Segurança, Cláudio Lima, participava das atividades. Policiais civis e militares, agentes penitenciários, funcionários públicos civis e informantes de setores da polícia foram monitorados pelo período de aproximadamente um ano. Com base nos dados que lhe foram repassados, o parlamentar relatou que o major Gutemberg e o capitão Nascimento, detidos na operação, montaram uma estrutura ilegal de segurança clandestina.




"Há aproximadamente 10 anos, o major Gutemberg oferecia segurança clandestina para postos de combustível, estabelecimento comercial, mercados de alimento, lan house, hospitais, casas de show, vaquejadas e até Universidades. Outro parceiro dessas atividades é o coronel Kelson, ex-comandante da PM-PB, irmão do coronel Euler Chaves, atual Comandante Geral da PM da Paraíba. Kelson, que também manteve segurança clandestina em vaquejadas, casas de show e em outras atividades clandestinas, quando estava na ativa, se refere ao major Gutemberg como sua cria, amigo e compadre", acrescentou.

Luiz Couto ressaltou que existe uma quadrilha de milicianos, composta por policiais civis e militares e agentes penitenciários, que atuava extorquindo traficantes de drogas, assaltantes de banco e outros criminosos. "Temos informações de que vários apenados saíam dos presídios paraibanos para cometer crimes durante a madrugada. Estes, com a conivência dos diretores e agentes penitenciários", complementou. Após afirmar que os grupos criminosos são cúmplices e sócios, pela prática ilegal do tráfico de armas, drogas, munições e assassinatos, o deputado defendeu a federalização das investigações, pois, segundo ele, não existem dúvidas de que o crime organizado ostenta seus tentáculos de forma transversal, alcançando as estruturas do poder público".

Luiz Couto frisou ser inegável que nos últimos 20 anos a Paraíba tem aparecido como um dos Estados com crescimento em número de homicídios no Brasil, sendo que, há uma década, a Paraíba tem batido recordes em assassinatos, na maioria de jovens e adolescentes. Com relação à Operação "Squadre", narrou o parlamentar que cerca de 400 policiais deram cumprimento a 45 mandados de prisão, 11 conduções coercitivas e 19 mandados de busca e apreensão. A Justiça concedeu 75 medidas judiciais, uma grande parte delas a ser cumprida na região metropolitana da capital. Os milicianos atuavam em todo o Estado, oferecendo e realizando segurança privada clandestina com emprego de mão de obra não habilitada, despreparada, portando, ilegalmente, armamentos a serviço do crime. Os métodos eram e são as ameaças, a intimidação, a violência e os assassinatos constantes desses criminosos, refugiando-se na farda e na condição de polícia.

Os grupos de três diferentes milícias, ainda pelo relato de Luiz Couto, trocavam entre si informações, favores e até armas e eram responsáveis por diversos crimes de homicídio, fatos constatados nas escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. O patrimônio financeiro do major Gutemberg e do capitão Nascimento alcança patamares bem altos e incompatível com a profissão e função que ocupam na Polícia Militar da Paraíba. Referindo-se ao conhecimento que o comandante geral da PM, coronel Euler Chaves, tem dos fatos, e à sua recusa em tomar qualquer providência legal, Luiz Couto enfatizou: "A complacência e o corporativismo, além dos benefícios pessoais, fazem o comandante geral da PM da Paraíba, no mínimo, prevaricar".

No capítulo dos bastidores, o deputado petista cita que os analistas de inteligência da Polícia Federal recomendaram aos delegados responsáveis que a polícia paraibana não poderia tomar conhecimento da Operação "Squadre", diante do profundo envolvimento de setores policiais com os agentes do crime. "A maior preocupação com a operação era, a todo instante, compartimentar informações e atividades", adiantou.


O diagnóstico da situação induz o parlamentar petista a sugerir que a polícia paraibana precisa passar por uma profunda mudança, tanto na gestão como nos seus quadros. Além do mais, necessita de uma urgente Corregedoria única, forte e com condições e recursos especiais para combater o crime organizado dentro da polícia e de outros setores públicos. "No caso da Operação Squadre, foi necessária a vinda de policiais federais de outros Estados, porque o comando da Polícia paraibana e suas atuais e fragmentadas corregedorias nunca investigaram esses crimes e tampouco houve intervenção na ação dos criminosos. Conforme o deputado, tramita na Assembléia Legislativa um projeto de lei que cria a Corregedoria, mas há um movimento de coronéis dentro da Polícia Militar da Paraíba contra a criação desse órgão, argumentando que a Polícia Militar ficaria sem poderes.

 

"Quem vota contra a Corregedoria vota a favor do crime organizado. Sendo assim, os maus policiais continuarão a agir livremente". Luiz Couto conclui dizendo que provas obtidas no curso das investigações, testemunhos e armas apreendidas podem e devem ajudar na elucidação de vários homicídios praticados em todo o Estado da Paraíba. "Tivemos informações de que um policial, coronel reformado da PM da Paraíba, dono de uma empresa privada em João Pessoa, tentou esconder um lote de armas, utilizando-se dos serviços de um colecionador de armas na capital. Um lote comprado irregularmente, tendo como intermediador um capitão oficial da PM da Paraíba. Na Operação "Squadre" 10 prisões preventivas estão mantidas e 16 das prisões temporárias foram prorrogadas, tendo os demais presos sido liberados. Muitos dos presos na operação já tinham sido apontados por testemunhas na CPI instalada para investigar a atuação dos grupos de extermínio no Nordeste. Na época, algumas autoridades da Paraíba diziam que era tudo invenção. Agora os fatos não mentem".


Luiz Couto citou, da tribuna, os nomes dos presos na operação "Squadre": Erivaldo Batista Dias, Olinaldo Vitorino Marques, Ademar Dias Carvalho, Andrilson Luiz de Lima, Edinaldo Silva dos Santos, Edson Alves do Nascimento, Francisco Batista de Macedo Neto, Ismael Porto do Nascimento, José Rodrigues da Silva Júnior, Leonardo José Soares da Silva, Lúcio Alexsandro Ventura Tavares, Luiz Quintino de Almeida Neto, Thyemon Henrique Gama de Souza e Vítor Prado Freire.

O grupo miliciano especializado na prática de segurança privada armada clandestina, comércio ilegal de armas e munições, lavagem de dinheiro e outros delitos é composto por Gutemberg Nascimento Lima, Neubom Nascimento Lima, Jackeline Quirino da Rocha, Josinaldo da Silva Avelino, Eduardo Henrique Oliveira da Silva, Mário Roberto Gomes de Oliveira Júnior, Pedro Vicente dos Santos, Alberto Jorge Diniz e Silva, Edemar da Silva Souza, Jackson Barreto dos Santos, Sebastião Inácio de Souza, Tibério Fernandes Teixeira, Edson Bezerra de Paiva. Já o grupo voltado à prática de extorsão, corrupção policial, comércio ilegal de armas e munições e outros delitos é integrado por Edilson Araújo de Carvalho, Ednaldo Adolfo de Souza, Edson Bezerra de Paiva, Eduardo Jorge Ferreira do Egito, Esdras Almeida de Oliveira, César Batista Dias, José Antonio Urtiga de Souza, Giorgi Frank Pontes de Lacerda, José de Paula Cavalcanti Júnior, Lúcio Flávio Almeida de Lima, Milton Luiz da Silva, Pablo Barbosa de Araújo, Rodrigo Cardoso de Oliveira e Vítor Prado Freire. O deputado Luiz Couto disse, ainda, que muitos dos milicianos envolvidos tentam entrar para a política.

"Alguns já estão prestes a terem seus mandatos a serviço do crime organizado. É preciso uma reação da sociedade. Na cidade de Bayeux, recentemente, dois policiais militares, líderes e integrantes de grupos de extermínio, ganharam as eleições para vereadores: o sargento Arnóbio Gomes Fernandes, de 45 anos, que é amigo e trabalhou muito tempo com o coronel Kelson, e o cabo Rubem Severino Filho, de 41 anos"

Fonte ReporterPB

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