Almanaqueiras: ou não queiras.

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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A suspensão da greve, no entanto, não significa o fim da mobilização

 
 
Saldos da greve

Por Mariana Moreira

foto ilustrativa

A greve dos docentes das instituições federais de ensino, deflagrada em 17 de maio de 2012, representou um dos movimentos mais fortes que a categoria já realizou na defesa de uma universidade pública, gratuita e socialmente referenciada e na luta pela reestruturação do plano de carreira e melhoria das condições de trabalho nas universidades.
 
A greve, em nível nacional, teve como conquistas importantes a intensa mobilização interna que se verificou nas universidades e a realização de ações unitárias, sobretudo, com estudantes que, numa expressiva manifestação de maturidade política, revelou o apoio ao movimento com a realização de atos públicos, passeatas, manifestações de protesto e, principalmente, a participação nas assembléias e nas discussões realizadas pelos docentes. Também é relevante destacar a grande participação da base, aproximando um número significativo de novos docentes da luta e do sindicato e o desencadeamento do ciclo de greve de outros segmentos da educação, bem como do conjunto dos servidores públicos federais.

No âmbito do Centro de Formação de Professores a greve representou um importante espaço para a discussão e o debate de questões pertinentes ao Campus, como a pauta local de reivindicações sobre as condições de trabalho docente e de funcionamento do CFP, o funcionamento do hospital universitário e criação, pelo governo federal, da EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) e, destaque-se, a reestruturação da Associação dos Docentes Universitários de Cajazeiras (ADUC), com a eleição de uma nova diretoria.

Apesar da força da greve, que mostrou para a sociedade a disputa por projetos distintos de educação, o governo, no entanto, se manteve intransigente, com ameaças do corte de ponto e de judicialização da greve. Em relação aos docentes, as ofensivas maiores foram a assinatura do simulacro do acordo, com uma entidade que não representa a expressiva maioria da categoria docente (PROIFES), e o envio, ao Congresso Nacional, do projeto de lei 4368/12, que fere princípios constitucionais, como a autonomia universitária e não representa uma alternativa concreta a instalação de um Plano de Carreira para os docentes do magistério superior.

A suspensão da greve, no entanto, não significa o fim da mobilização. Tampouco, a capitulação diante de ganhos concretos significativos. A categoria docente continua vigilante e vem construindo articulações que intensifiquem a luta pelas condições de trabalho, negociando as pautas locais, intervindo a respeito da reestruturação da carreira, mantendo e ampliando o saldo organizativo conquistado com a mesma. Temos consciência de que problemas foram verificados em decorrência dos cento e vinte dias de paralisação. Mas, também temos como pressuposto nossa convicção de que somente com nossa força e nossa resistência, conseguiremos construir um projeto de universidade pública que, produtora de saber e conhecimento, seja locus para a produção das condições essenciais de construção de nossa soberania livrando nosso povo da dependência econômica, social, cultural e intelectual. Acreditamos que, a revelia retórica, nossos direitos cabem no papel. Em nossas mãos cabe a conquista.
 
Fonte Diário do Sertão

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