Luciano Agra acabou se metendo numa enrascada ao utilizar a rede social
Nonato Guedes
Usuário contumaz do Twitter, o prefeito de João Pessoa,
Luciano Agra (sem partido), acabou se metendo numa enrascada ao utilizar a rede
social nos últimos dias, com direito a repercussão negativa na imprensa
nacional. O colunista Arimatéa Souza, em seu espaço, hoje, no "Jornal da
Paraíba", recapitula as complicações enfrentadas pelo alcaide da capital,
que gostava de intercalar posts com frases de filósofos, a pretexto de atingir,
subliminarmente, adversários políticos de hoje, como o governador Ricardo
Coutinho, com quem rompeu desde que perdeu a indicação no PSB para Estelizabel
Bezerra e, em represália, resolveu apoiar a chapa Luciano Cartaxo (PT)-Nonato
Bandeira(PPS). O colunista do "JP" lembra que o final de semana foi
particularmente indigesto para Agra, alvo de artilharia na mídia nacional.
Atribui o inferno astral do prefeito ao problema de comunicação
com o seu ex-secretário de Transparência Pública, Alexandre Urquiza, que tinha
uma filha inscrita no programa Bolsa Família, destinado a pessoas absolutamente
carentes, perfil no qual, teoricamente, ela não se enquadrava. Agra já havia
utilizado o Twitter para demitir um auxiliar - Lau Siqueira, da secretaria de
Desenvolvimento Social, por julgar que ele não merecia mais sua confiança. No
caso de Urquiza, o episódio alcançou repercussão pelo tom da mensagem postada. Dirigindo-se
ao ex-secretário como "meu filho", o prefeito teria aconselhado
Urquiza a entregar o cargo "antes que descubram o restante". Insinuava,
ainda, que o jornalista Nonato Bandeira, candidato a vice na chapa do petista
Luciano Cartaxo, "acha que se as ações aparecerem, será a pior coisa do mundo".
A frase derradeira, registra Arimatéa, não é nada republicana: "Fique em
silêncio que saberemos lhe recompensar". Depois desse vexame, o prefeito
teria se afastado do Twitter, não sem antes deletar mensagens consideradas incômodas
e que poderiam provocar novos aborrecimentos.
Confrontado com a repercussão negativa, Luciano Agra deixou
claro, em mensagem aos seguidores, que sua conta no Twitter havia sido invadida.
E fez um apelo patético: "Não considerem tudo que foi veiculado
indevidamente no meu nome". Isto se deu a 26 de setembro. A versão oficial
endossou a tese de que o prefeito tivera o seu perfil no Twitter invadido e a
senha roubada. O infrator teria utilizado o perfil do prefeito para postar
mensagens falsas, passando-se pelo alcaide. A secretaria de Comunicação Social da
prefeitura deu a entender que a violação seria denunciada à Polícia Federal
para a competente investigação e, consequentemente, punição dos culpados. Agra
protestou: "Invadiram meu perfil e fizeram comentários falsos, com conteúdo
eminentemente político, na intenção de me prejudicar. Não podemos tolerar esse
tipo de violação". Horas depois, outra versão foi disseminada. Dizia:
"A senha foi usada para fins escusos. Você sabe...o prefeito...deixa o
equipamento em algumas situações à mercê de alguma pessoa que possa vir pegar. Não
imaginava que fossem usar dessa maneira". A trapalhada do prefeito mereceu
destaque na imprensa nacional. O jornal "O Globo" insinuou que Agra
achou que estava mandando uma mensagem reservada (DM) para seu secretário,
sugerindo que ele pedisse exoneração antes que o episódio tivesse
desdobramentos. Mas acabou publicando uma mensagem aberta.
O jornalista Augusto Nunes, colunista da revista "Veja",
foi mais incisivo, na exegese dos fatos, em versão eletrônica que divulgou:
"Criminoso confesso: \'Meu filho, entregue o cargo antes que descubram o
restante. Fique em silêncio que saberemos como lhe recompensar". Luciano
Agra, prefeito de João Pessoa, na mensagem ao secretário Alexandre Urquiza, que
queria mandar por e-mail e acabou escancarada no Twitter, convidando o Brasil
decente a perguntar aos berros o que ainda esperam os homens da lei para
enquadrar os dois bandidos". Arimatéa Souza conclui seu relato na coluna "Aparte",
citando Santo Agostinho: "Cada pecado constitui, em si, o seu próprio
castigo".
José Luciano Agra, arquiteto e urbanista, tem protagonizado
espetáculos pitorescos desde que assumiu a prefeitura da capital com a renúncia
de Ricardo para concorrer ao governo do Estado. Depois de abrir mão da
candidatura a prefeito, dizendo não ter afinidade com o jogo político brutal,
estimulou um movimento queremista para seu retorno em alto estilo. O próprio
governador Ricardo Coutinho cuidou de deixar Agra sem munição, manobrando os
cordéis dentro do PSB para que ele não conseguisse a indicação como postulante à
reeleição. O alcaide ainda foi ao encontro do partido para bater chapa com
Estelizabel Bezerra. Derrotado, desfiliou-se da sigla, anunciou apoio a Luciano
Cartaxo e intenção de se filiar proximamente ao PT, podendo disputar o mandato
de deputado estadual em 2014 ou de vice-governador, conforme especulações.
fonte ReporterPB
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