Almanaqueiras: ou não queiras.

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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Pereira filho escreve "CAJAZEIRAS – MEMÓRIA X"


CAJAZEIRAS – MEMÓRIA X

Pereira Filho


                                      Oswaldo Martins e filha - Ele, sócio benemérito da AC2B


OSWALDO DA FIAT DICAL

A minha mãe, dona Bia, tinha nove irmãos. Oito trabalharam na roça, além dela, no Sítio Rita, em Monte Horebe/PB. O seu irmão Raimundo Martins de Oliveira foi o único que não trabalhou no roçado devido ter ficado paralítico das pernas aos quatro anos de idade, consequência de ter ingerido alimento reimoso ou carregado. Titío se deslocava de um lugar para outro usando duas cadeiras. Sentado, passava de uma para outra cadeira sem o auxílio de ninguém. Foi crescendo e começou a comprar tecidos para revender, e assim foi tocando seus negócios como vendedor. Chegou até a embarcar em um navio no Recife para o Rio de Janeiro, a negócios. Tempos depois começou fazendo empréstimos no Banco do Brasil de Cajazeiras e Sousa para comprar terras e gado. Seus negócios foram se expandido e com o tempo se tornou um grande fazendeiro de Monte Horebe/PB, onde morava. Tio Raimundo Martins, a quem eu e meus irmãos chamávamos de Titio, se casou com Belisária Dias e teve três filhos: Marluce, Marlônia e Oswaldo Rui Dias Martins. Oswaldo quando era garoto sempre acompanhava titio quando este ia para Cajazeiras resolver negócios, e ficava na minha casa para brincarmos, principalmente de bicicleta, sentados no peitoril da área de casa, simulando que estávamos pedalando. Na década de sessenta, Oswaldo foi morar em Cajazeiras, na Rua Bonifácio Moura, para estudar. Tempos depois começou a trabalhar na Concessionária Ford Cavalcante & Primo, de Zé Cavalcante. Depois se tornou empresário, onde hoje atua no ramo de automóveis - Concessionária Fiat Dical em Cajazeiras com filiais em Sousa/PB, Pau dos Ferros/RN e Mossoró/RN, e ainda a Concessionária Renault em Cajazeiras e Juazeiro do Norte/CE. É proprietário da agência Marauto de carros usados. Ele atua, ainda, no ramo de imóveis. Oswaldo é casado com Socorro Firmino, é pai de um casal e avô de um garoto.



ACIDENTE

Lembro-me que tio Raimundo Martins, nos anos sessenta, na qualidade de fazendeiro, ele possuiu vários carros bem como os trocava a cada ano. A Rural Willys, a caminhonete Picape Jeep, o Jeep simples e ainda o Jeep de quatro portas, todos fabricados pela Willys Overland do Brasil, hoje, Ford do Brasil. Lembro de um que ele possuiu, era muito bonito e diferente dos demais daquela época. Era a Marinete. Esse carro era uma Rural americana. O motorista desse carro era Aguinaldo. Certo dia titio chamou eu e meus irmãos para um passeio pelas ruas de Cajazeiras. Como todo menino que gosta de andar de carro colado na porta para apreciar o cenário, eu também gostava. A Marinete saindo da Avenida Presidente João Pessoa, passou em frente ao Armazém das Fábricas, de seu Waldemar Matias e a seguir entrou a esquerda na Rua Juvêncio Carneiro, nisso, a porta que eu estava escorado abriu-se e fui arremessado para bem longe, e caí quase em frente a Farmácia Cruz Vermelha. Tive muita sorte por não me ferir gravemente. Fiquei com um galo bem grande - um galão - na testa e após ser medicado titio me deu dois cruzeiros para eu não chorar. Não chorei e ele me perguntou se eu não queria ganhar mais dois cruzeiros para cair novamente. Eu já refeito do susto, balancei a cabeça afirmando que sim. Coisa de menino traquino como eu era.



LUZ NEGRA NO CLUBE 1º DE MAIO

Na década de sessenta o Clube 1º de Maio foi o primeiro sodalício de Cajazeiras e região do Alto Piranhas que adotou o sistema de luz negra em suas festas. Esse sistema de luz negra dava uma claridade branca nas vestes das pessoas que dançavam de roupas brancas, bem como nos dentes por serem muito brancos e aí todos gostavam de dançar sorrindo o tempo todo. Quanto mais a pessoa dançava próxima a luz negra, mais ele se destacava na claridade com relação ás outras pessoas um pouco distante. A luz negra se parece com uma lâmpada fluorescente ou incandescente normal, mas faz algo completamente diferente com facho de luz roxa. Como eu não sabia dançar, eu ficava só olhando as pessoas dançarem próximas a luz negra do Clube 1º de Maio. Certo dia criei coragem de dançar e a minha primeira parceira foi Zilma, colega de classe do Colégio Estadual, que morava na rua por trás da minha rua (Pedro Américo). Aliás, Zilma foi namorada de meu amigo Zé Lopes, que trabalhava na Farmácia São Francisco, de seu Orcino Guedes – pai de Paulo Antônio, Eduardo Jorge, Carlos Alberto, Edilane,  George Sandro e Samia.




ELIAS DO PICOLÉ

Em Cajazeiras, quem nunca ouviu falar de Elias do picolé! Elias não tinha estudo, como diziam os mais velhos. Não ganhava a vida como palhaço, mas fazia as pessoas rirem. Não era rico financeiramente, mas era rico de amizades por ser um homem muito popular na cidade do Padre Rolim. Crianças, jovens, adultos e velhos gostavam dessa figura impar. No dia-a-dia, ele andava pelas ruas, praças, nos eventos da cidade, aos domingos em dias de jogos de futebol no Estádio Higino Pires Ferreira, em fim, por todos os lugares lá estava Elias do picolé com sua carrocinha vendendo o picolé de cajá, de coco, de manga, de goiaba e outras frutas da Sorveteria de seu Walmor. Tinha pessoas que se aproximavam da carrocinha de Elias, não para comprar picolé, mas para ouvir suas histórias, piadas e presenciar suas palhaçadas. Como ele era banguelo, pra chamar a atenção das pessoas, ele colocava o cigarro no canto da boca e, num pequeno impulso com os lábios, conseguia colocar a outra ponta dentro do nariz sem tocar com os dedos. É lógico, com o cigarro apagado. Depois disso, ele acendia o cigarro e dava seus tragos. Certo dia, na quadra da AABB, durante o treino do time do Banco do Brasil, Pato, jogador desse time, deu um bico na bola e ela saiu em direção a Elias, que estava de costas na arquibancada, tirando um picolé da caixa de isopor, para um rapaz, quando a bola bateu na sua cabeça e ele caiu por cima da caixa de picolé, que estava a sua frente. Ele se levantou bem rápido, e deu um grito bem alto: “tcham! O goleiro pega a bola de frente e Elias pega de costas”. A risada dos torcedores foi geral. Essa e outras tantas palhaçadas que fazia, era a sua felicidade. Tempos depois, Elias foi morar em Teresina e trabalhar nas empresas de João Claudino, onde veio a falecer na capital Piauiense.



PEREIRA FILHO - é Cajazeirense, Radialista - Rádio Nacional de Brasília - e filho do Prof. José Pereira criador do Jornal "O Observador"







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