Almanaqueiras: ou não queiras.

Almanaqueiras: ou não queiras.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A constatação é muita clara: a região vive, este ano, a maior seca das últimas três décadas...

 
Os efeitos da seca
José Anchieta*
 
 
 
 
O Sertão do Estado começa a sentir fortemente as dificuldades de convivência com o atual quadro de escassez de água. A cada dia, aumenta o drama de famílias que residem em áreas rurais do interior paraibano e que não têm, sequer, água para o consumo humano e animal.
 
Esse cenário já era previsto porque até mesmo em anos de invernos regulares é normal faltar água a partir do mês de setembro, quando normalmente acontece uma elevação maior da temperatura. Se em anos de bons invernos, pequenos reservatórios começam a secar a partir de setembro, imaginem a situação deste ano, que não registrou chuvas suficientes para elevar o nível dos açudes.
 
 
Pois bem, além das perdas entre 80 e 90 por cento das lavouras de arroz, feijão e milho, a população da Zona Rural enfrenta esse grave problema, que exige ações concretas e urgentes por parte das duas maiores esferas do poder, o federal e o estadual, porque os municípios não têm as condições necessárias para desenvolver as políticas públicas de socorro imediato ao homem do campo.
 
Os municípios, por intermédio de seus setores técnicos competentes, a exemplo da Defesa Civil, já forneceram aos órgãos estaduais e federais todos os levantamentos da atual realidade. A constatação é muita clara: a região vive, este ano, a maior seca das últimas três décadas, o que tem refletido muito na redução do rebanho e em enormes prejuízos à economia regional.
 
 
As comunidades rurais mais afetadas pelo problema continuam dependendo do paliativo de carros pipa que abastecem cisternas instaladas em locais de acesso a todos. Os últimos levantamentos dos órgãos municipais revelam que cresce muito o número de localidades precisando desse abastecimento.
 
Entre os criadores de gado há muita insatisfação com os programas governamentais que foram anunciados. O grito de insatisfação é geral porque o programa da ração, por exemplo, não tem atendido as necessidades de todos, o que poderá representar mais perdas no inevitável processo de redução do rebanho.
 
Esse é, verdadeiramente, um momento complicado para a nossa população rural, principalmente a que habita as áreas mais castigadas pelo fenômeno e mais desprovidas das condições básicas de convivência com tal situação. Como enfrentar esses efeitos numa região que, ao longo de tantos anos, não se preparou para conviver com os longos períodos de estiagem?
 
Esse é um grande desafio que está posto e que precisa ser encarado de forma mais eficaz e determinada por quem tem o poder maior de decidir e as condições necessárias para enfrentá-lo. Acredita-se que governo central tem consciência da pouca capacidade financeira das prefeituras para enfrentar o referido quadro de anormalidade.
 
É preciso se chegar, agora, com medidas urgentes junto aos municípios que estão com situação de emergência decretada e que não dispõem dos recursos financeiros e dos meios para o atendimento mais imediato das comunidades. Quem vive o drama da constante falta d’água não pode esperar muito tempo.
 
Mas, é preciso também se pensar em políticas públicas voltadas para resolver essas situações em definitivo. E, nesse sentido, as regiões que mais sofrem com esses problemas precisam unir forças em torno das questões fundamentais que podem abrir perspectivas de uma convivência normal com os longos períodos de estiagem. É preciso resistir.
 
José Anchieta
 
José Anchieta - janchietacl@hotmail.com
 
Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB, Secretário da prefeitura de Cajazeiras
 
Fonte -Diário do Sertão

Nenhum comentário:

Postar um comentário