Almanaqueiras: ou não queiras.

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sábado, 28 de janeiro de 2012

Bira e o Teatro de Cajazeiras


Ubiratan de Assis e a história do Teatro de Cajazeiras
bira
Hoje Ubiratan de Assis, o Bira, está em Cajazeiras e comandará um debate sobre a História do Teatro Cajazeirense. Poucos sabem sobre a história do teatro cajazeirense como o Bira. Não apenas porque é um ator, diretor e autor teatral, mas acima de tudo porque é um apaixonado pelo teatro da Paraíba, e mais ainda pelo teatro de Cajazeiras, e, sendo redundante, mais ainda pelo Teatro Ica Pires.

primeira platéia do Íracles Pires - V Sertanejo 1984
Falar de teatro de Cajazeiras com pessoas de minha geração – Bira é de minha geração - é disparar uma sineta em nossa memória e lembrar de Bira, como tantos outros cajazeirenses a exemplo de Antonio Carlos Villar, Beto Montenegro, Valiomar Rolim, Hermy Fellinto, Aldeir Mangueira, as irmãs Clizélia e Clizenit Assis, para ficar apenas nessa geração que fez o GRUTAC – Grupo Teatro Amador de Cajazeiras, na década de setenta. A lista dos que fizeram apaixonadamente a história do teatro cajazeirense é extensa.
Faço especial referência ao Bira porque foi o que tive efetiva proximidade nos últimos anos, por conta da criação da AC2B, e por conseqüência tive o privilégio de ouvir muito sobre a dramaturgia cajazeirense. Nesses últimos dois anos, aqui em Brasília, onde ele morava, nos reuníamos praticamente quase que quinzenalmente, juntamente com Eriston, o Neném de Eudes Cartaxo, Lavoizier Rolim e Jeanne Pires, filha de Ica Pires, e outros também embevecidos por Cajazeiras, o que reforçou ainda mais as histórias, detalhes, referências, casos, aventuras e, acima de tudo, paixão pela a arte da representação cajazeirense da década de setenta, onde se nascia a idéia obsessiva pela criação de um espaço teatral para Cajazeiras. Afinal, uma cidade que respirava cultura com a ancoragem inflamada da Semana Universitária não poderia deixar em branco a auto cobrança por seu espaço teatral.
Além de ter participado dessa luta por nosso teatro, ou seja, sendo co-autor, Bira teve o zelo de guardar documentos sobre esse fato em seu acervo particular. Ele possui raridades que, posso garantir, instituições públicas guardadoras de documentos paraibanos, não possui. Se é que alguma biblioteca, ou instituição similar, teve essa preocupação.

Aí.... - A peça proibida, de Bira, em 1978

Certo dia estava em sua casa, aqui em Brasília, com outros colegas cajazeirenses, alimentando o estômago com churrasco, a memória com cerveja, e a alma com o espírito cajazeirense, três itens inseparáveis aliados de usa vida apaixonada pelo teatro/família/amigos/cajazeiras, quando ele me chama e mostra-me seu acervo documental. É de dar inveja sua percepção histórica em ter guardado o registro da história do teatro cajazeirense em caixas repletas de recortes de jornais e fotografias. Eu, como profissional do ramo em organização documental, bibliotecário, fiquei admirado com aquela mais de meia centena de caixas de arquivos empilhadas de forma zelosa, cuidada com carinho, como se fosse um troféu de vida de sua luta pela instalação e a história do teatro de cajazeiras e da Paraíba. Só mesmo um absorto é que faria isso, só mesmo um concentrador de energias focado em objetivos determinados é que teria essa visão documental.

Segunda-feira última, agora, dessa semana que se finda, nos reunimos – eu, ele, Eriston, Max, neto de Zé Biquim, Lavoizier, que não pode comparecer, e Jeanne Pires, para fazermos um balanço da reunião da AC2B que eu e ele fizemos em João Pessoa, há pouco mais de três semanas, quando ele chega um pouco mais cedo e já estava eu sorvendo minha cerveja com água, e me mostra uns documentos da história do teatro de cajazeiras, originais, assinaturas de gente importante da cultura cajazeirense, verdadeiras relíquias. Documentos antigos, da década de cinqüenta, ou antes disso, já amarelados pela a ação do tempo, mas perfeitamente legíveis e em bom estado de conservação, em pastas, estirados, para não se danificarem em dobras. Com certeza estava fazendo uma breve leitura, revendo e refrescando sua memória para sua participação no debate sobre o teatro de Cajazeiras nesse sábado dia 27.

Dialogando com ele, e pelo seu grau de consciência histórica, garantiu-nos que esse material todo estará disponibilizado para o público em geral, mas ainda não está definido em que tipo de plataforma, se digital ou impressa, mas o importante é que alcançaremos essa democratização da informação de seu acervo particular. Atualmente gozando de férias estendidas no tempo e no espaço, se reorganizando em seu cotidiano familiar pessoense, e diante de “cobranças” de amigos, não há tempo definido para essa empreitada, mas há uma empreitada definida.
Bira nos mostrou o desenho do projeto que Jeanne Pires fez para o Teatro de Cajazeiras, que iria ser construído, originalmente, por trás da Biblioteca Castro Pinto. Jeanne, que estava em fase de conclusão de seu curso de arquitetura, estava em dúvida se apresentaria um projeto de um hospital ou de um teatro, e Bira, lógico, não teve conversa, lhe “intimou”, do alto da paixão de amizade que ambos nutriam, que fizesse o projeto do teatro, o que desembocou no atual Teatro que leva o nome da mãe dela.

Longa vida ao Teatro de Cajazeiras. Viva oTeatro Ica!

Eduardo Pereira.

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