Almanaqueiras: ou não queiras.

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sábado, 27 de agosto de 2011

Zé Sacristão: Uma belíssima homenagem da Câmara Municipal de Cajazeiras

No último dia 19/08 Zé Sacristão recebeu homenagem da Câmara Municipal de Cajazeiras e Zé Filho, seu filho , foi o representante familiar para prestar os agradecimentos. Leiam o discurso de Zé Filho.

AGRADECIMENTO PELA HOMENAGEM .

A MEU PAI JOSÉ ALVES PEREIRA




Senhoras e Senhores!

Em nome do meu pai, da minha mãe, dos meus irmãos, dos netos e da bisneta do homenageado, dos genros e noras, dos vizinhos, dos amigos e dos colegas de profissão, inicio agradecendo ao Vereador Moacir Menezes, autor do projeto de outorga da medalha de Honra ao Mérito “João Bosco Braga Barreto” e ao Vereador Marcos Barros, autor do projeto do título de Cidadão Benemérito de Cajazeiras e por extensão, registro iguais elogios a todos os edis, pela aprovação, unânime, das honrarias ao meu pai.


O cidadão que é agraciado com a medalha ou com o título, é porque foi reconhecido, pelos representantes do povo, em razão de postura ética, de atitudes públicas e de envolvimento social. Acredito que tais requisitos os Senhores encontraram na pessoa de Zé Sacristão.

Relembro, brevemente, a história daquele que nasceu, no dia 07 de agosto de 1922, como José Alves Pereira, filho de José Alves Coelho e de Francisca Clementina de Souza.

Exerceu atividades como agricultor, farmacêutico, sapateiro, sacristão e oficial de justiça.

Por ter trabalhado por dezenove anos seguidos, como sacristão, na igreja matriz de Nossa Senhora de Fátima (entre 1948 a 1967), ganhou o apelido de Zé Sacristão.

E como sacristão, não só efetuava os repiques dos sinos, o abrir e fechar das portas da Igreja ou o assessoramento aos padres nas cerimônias religiosas, mas também era chofer da rural e do jeep.

Teve a honra de ser motorista de Frei Damião de Bozano, quando saíam para “As Missões”.

É gostoso reviver o passado e lembrar as conversas, sempre fortes, que teve com D. Zacarias e Monsenhor Vicente; dos conselhos solicitados e atendidos pelos padres Américo, Sitônio, Gualberto, Buica e Raimundo.

Ainda no campo religioso, sempre vem à mente os ensinamentos de João David, com quem aprendeu o ritual das exéquias e das missas solenes.

Também digno de anotação é o insuperável número de afilhados, 929 no total, conseguidos em razão da ausência dos padrinhos. Logicamente, para que a cerimônia do batismo ou da crisma não fosse frustrada, prontamente atendia ao pedido dos pais do batizando ou do crismando. E assim, tem afilhado em todo o recanto deste município.

No pleito eleitoral de 02 de agosto de 1959, portanto quando contava com 37 anos de idade, ao lado dos correligionários do Partido Libertador: Abidiel de Souza, Arsênio Rolim, Otácio Pereira, Antônio Simão, Geraldo Dantas, José Andriola e José Bonifácio disputou uma vaga de vereador, ficando na primeira suplência, com um mote contundente: “ZÉ SACRISTÃO, ENTRE A CRUZ E O FACÃO”.

A cruz significava o seu ofício, isto é, um homem católico, crente e temente a Deus; o facão, por sua vez, era o destemor, a coragem.

Em novembro de 1963, na vaga deixada por seu amigo Moisés, foi nomeado oficial de justiça, acumulando este ofício com aquela atividade religiosa por um breve período.

E como “longa manus” da Justiça, cumpriu as ordens dos Juízes, principalmente anunciando, por várias vezes na rua Cel. Juvêncio Carneiro, local em que no primeiro andar da Prefeitura desta nossa terrinha funcionava o salão do júri, em voz alta e acompanhado por uma sineta, quem seria julgado naquele determinado dia.

É engraçado recordar com papai as histórias vivenciadas como servidor do judiciário frisando, ainda que de relance, as conversas reservadas com os Juízes Valter Sarmento e Rui Formiga; os enfrentamentos com o Promotor Firmino Gayoso; os contatos menos formais, por conta da amizade, com os Advogados Zé Guimarães, Deoclécio Maniçoba, Benu Moreira, José Leite, João de Deus e Mangueirinha; os pedidos sempre atendidos pelos Tabeliões Assis Holanda, Renê Moesia, Juracy Coelho e Dolores.

As histórias e estórias nascidas nas conversas e/ou cachaçadas tomadas com os colegas e amigos Eudes Cartaxo, João Meirelles, José Nogueira, Nem Soldado, Diá, Chico Barbeiro, Antônio Simão, Borracha e tantos outros, não são menos importantes.

Da canção “Vem, Eu mostrarei”, belo poema do padre Zezinho, extraio:

“Vem que a terra espera quem possa e queria realizar,

com amor a construção de um mundo novo muito melhor!

Sim, eu irei e levarei teu nome aos meus irmãos.

Iremos nós e o teu amor vai construir enfim a Paz.”

Com certeza, nobres Vereadores, foi nessa perspectiva da construção de um mundo fraterno e de paz que Zé Sacristão, ao lado dos padres italianos Albino e Juliano, construiu um abrigo para idosos denominado “Lucas Zorn”.


Ao lado de Bosco Barreto, grande político que empresta seu nome à medalha, ergueu o alicerce do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cajazeiras, enquanto ao lado de Dudu, de Otacílio Mendonça, de Nezinho, de Agostinho e de Feitosa, solidificou o Círculo Operário.

O provérbio inglês “Por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher”, é por demais adequado para louvar o contrato matrimonial que firmou com Dona Joana, união que hoje completa sessenta e seis anos, sete meses e dezoito dias.


E nessa bonita e pura relação Joana, grande mulher, ajudou José a ter um sólido casamento; ela, grande mãe, construiu com ele uma respeitável família.

Como disse no preâmbulo, esses são os requisitos que os Senhores, representantes do povo cajazeirense, reconheceram ao longo da vida de Zé Sacristão: postura ética, atitudes públicas e envolvimento social.

Finalizando, Senhor Presidente, Senhores Vereadores e demais presentes, utilizo-me de uma estrofe do poeta gaúcho Zeferino Brasil, retirado de seu soneto “Beijo as suas mãos”, que deve ter feito para sua amada, e dando eu uma interpretação diversificada, em nome de todos os filhos, netos, bisneta, genros, noras e afilhados, peço para beijar as suas mãos, meu pai, dizendo:


“De leve beijo as suas mãos pequenas,

Alvas, de neve, e logo, um doce, um breve,

Fino rubor lhe tinge a face, apenas,

De leve beijo as suas mãos de neve.”

Muito obrigado!





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