Almanaqueiras: ou não queiras.

Almanaqueiras: ou não queiras.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pobre mãe!


De José Cavalcanti, 1918-1994, escritor piranhense, e ex-prefeito de Patos-PB.

 “Estudava eu em Cajazeiras. Um dia, quando ali ainda havia o ramal da estrada de ferro, fui à estação esperar pela minha namorada, Irene Carvalho, que vinha de Uirauna, e lá estavam dois matutos de Antenor Navarro conversando sobre criação. Com o pretexto de que iria tomar café vendido por uma velhota desdentada, aproximei-me deles.
Um falou para o outro:
- Você pegou muito bezerro este ano, compadre Zeca?
- Inté que o ano foi bom pra o gado. Mais da metade das minhas vaca dero cria. Só num foi mió, pro que deu uma croara danada! Inda tem bezerro alejado.
- Besteira quem fez foi eu!...
- Por quê?
- Inventei de criá besta. Nunca vi coisa mais besta!...
- Assim?
- E eu, pra dizê a verdade, inté que fui feliz. Quem não teve sorte mesmo, foi a pobre da minha mãe. Eu, ainda assim, peguei quatro pordo. Mas minha mãe, coitada, não passou de um égua parida...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário