Almanaqueiras: ou não queiras.

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pau de porteira




De José Cavalcanti, 1918-1994, escritor piranhense, e ex-prefeito de Patos-PB.

Zé Antonio e Maria José se amavam desde meninos. Casaram-se e ficaram morando no mesmo sítio onde ambos nasceram e se criaram. De casal, como pobres que eram, não havia outro que levasse vida melhor. De bom entendimento e harmonia.
Veio a construção do Açude de Boqueirão de Piranhas. Abriu trabalho para todo mundo. Zé, sentindo que a agricultura estava dando pouco rendimento, combinou com a esposa e se mandaram em busca de lá, onde logo arranjou serviço. Carregava e descarregava caçambas de terra.
Um dia, por falta de sorte, a caçamba na qual ele ltrabalhava, deu uma virada. Entre os cinco mortos, ele ficou no meio com o crânio esmigalhado.
A coitada da Maria José, inconsolada, sentava-se nas esquinas das calçadas com um pano amarrado na cabeça e caía no choro.
Veio Manuel Roberto, com que apiedado, e perguntou:
- Por que a senhora está chorando tanto assim, dona?
- Com pena de meu marido que morreu numa virada de carro!
- Faz tempo?
- Está com oito dias.
- Tenha paciência. Console-se, que a senhora ainda é moça. Arranja logo outro homem.
- Nem me fale nisso, meu senhor! Nem me fale nisso!... Meu maridinho!... Meu Deus, meu maridinho!...
- Dona, marido é como pau de porteira: vai um, vem outro.
- Eu sei disso, meu senhor, mas nunca mais hei de achar outro pau como aquele!...”

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