Almanaqueiras: ou não queiras.

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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Neste dia, Cajazeiras chorou!

Agosto de 1966, um dia pela manhã,   Biriu matou Orcino.
Biriu virou toxicômano, dizem que a proximidade com as drogas o viciou.  Seu pai era o dono da Farmácia Cruz Vermelha, na praça Coração de Jesus e ao perceber o descaminho do filho passou a privá-lo do uso da droga e Biriu passou a comprar na farmácia do Orcino, coisa normal já que eram colegas de comércio. O Seu Fernandes descobre a artimanha do filho e avisa do vício do filho ao Orcino que se negou vender mais a droga. Biriu contrariado na sua pretensão, retira-se e apanha um revólver e assassina friamente Orcino.
Em frente à farmácia, porta com porta, ficava os Armazéns Paulista. Tio Micena, impulsivo ao extremo, ao ver o tiro corre para o local e depara com Biriu com o revólver ainda fumegante, avança toma a arma e dá coronhadas na cabeça do Biriu que só não teve os miolos totalmente esfacelados porque Tio Micena foi contido por terceiros. Jamais foi esquecido este ato bravo de Tio Micena como uma demonstração de amizade.
A consternação em Cajazeiras foi geral pela figura amada e pelo modo banal do assassínio. Monsenhor Vicente Freitas, era o diretor do Colégio Diocesano Padre Rolim, incontinenti, libera os alunos após comunicação do fato nas salas de aula. Foi talvez o segundo contato mais próximo que tive com a morte. Saímos em bando, comentando, aliás, eu mais escutava, a maioria em busca da Rua Epifânio Sobreira e depois para a Praça João Pessoa para saber das últimas notícias. Neste dia foi excepcionalmente quebrada uma norma do Monsenhor Vicente que não permitia seus alunos andarem fardados pelas ruas.
 Biriu fui para o júri seis anos depois, para a sua defesa foi contratado três grandes advogados, entre eles o futuro governador Ronaldo Cunha Lima, mas a população de Cajazeiras, bem representada no corpo de jurados, foi implacável com o assassino de Orcino: 26 anos e quatro meses de prisão. Ouvi falar depois algumas vezes de Biriu na presídio em João Pessoa, hoje não sei nada dele, nem se ao menos é vivo.

Claudiomar Rolim/oultimodosmoicanos

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