Almanaqueiras: ou não queiras.

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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A conta


De José Cavalcanti, 1918-1994, escritor piranhense, e ex-prefeito de Patos-PB.

“Zé Dudu era garção do bar “Canta-Galo”, onde passava as noites acordado, do primeiro ao último dia da semana, atendendo à numerosa freguesia. Enquanto que Miguel, o dono, um barba azul danado, que logo descobriu que a mulher do Zé, Lolita, gostava de “fazer caridade”, e deu em freqüentar a casa dele, exatamente, nas horas de maior movimentação comercial do estabelecimento, pela madrugada.
Zé Dudu, coitado, estava informado de tudo, mas o que fazer , se a necessidade o obrigava?
E lá, na madrugada de um domingo, um freguês com cara de quem tinha muito dinheiro, entrou no bar, sentou-se e pediu uísque importado. Tomou quatro doses e depois pediu a conta. Ao recebê-la, reclamou:
- Garção, a minha conta está errada.
Zé Dudu, voltou, pegou o papel, olhou, e disse:
- Não senhor. Está certa.
- Acho que está errada. E é conta a casa.
- Está certa, sim. São oito cruzeiros. Dois cruzeiros por cada dose.
- E este uísque é importado mesmo, rapaz?!
- É sim senhor.
- É incrível! Onde é que se encontra mais hoje uísque importado deste preço? Você é o dono do bar?
- Não senhor. O dono deste bar, a estas horas, está na minha casa com a minha mulher!
-Com a sua mulher!?
- Sim.
- Fazendo?
- Fazendo com ela o mesmo que eu estou fazendo com ele aqui agora...”

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