Almanaqueiras: ou não queiras.

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sábado, 15 de janeiro de 2011

SOBRE O LOUCO QUE ENVIA DENÚNCIAS CONTRA A DIOCESE DE CAJAZEIRAS

Há alguns meses recebo mensagens de um sujeito que eu não sei quem é, em circunstâncias que desconheço e sobre assuntos que não me dizem respeito. Trata-se de um personagem que se identifica na caixa de email como Maria Clara Washington, mas que não tem esse nome, segundo se depreende de suas mensagens. Suspeito que não deve ser bom do juízo, no mínimo. O cara atira contra todos, até contra os que a ele se dirigem com educação. Diz desaforos contra a igreja e a diocese cajazeirense, comenta prováveis escorregadelas morais dos representantes do clero, que ele chama de “crápulas”. São denúncias, pelo que se vê, mas não sei se fundamentadas como faz parecer o denunciante. O certo é que já me incomoda fazer parte de um debate sobre coisas que, juro, nada sei.
Que tenho eu contra o bispo Dom Gonzalez? Nada. Contra padres ou seminaristas? Nadinha também. Que sei eu de sua vida pessoal, do que fazem fora da igreja, se namoram ou têm filhos, se mantêm relações sexuais com outros homens, se se escondem na batina para resguardar-se de seus defeitos morais, se pecam ou o quanto pecam? Principalmente, que me importa? Se isso fazem, é lá com eles. São filhos de Deus como todos e têm a prerrogativa do erro tanto quanto quem me escreve.
O que acho estranho é que um sujeito que faz parte ou fez parte da igreja (como se denuncia) preocupe-se com quesitos como ética e moralidade enquanto exige um tanto do clero, se descompondo na falta dos mesmos princípios. Fala abertamente sobre colegas, sem garantias de que possa provar uma palavra do que escreve. Diz o rapaz que na diocese há padres santos e pecadores (Quem dera houvesse só santos!). E indistintamente chama a muitos safados, bichas, mentirosos e, coisa séria, assassinos! Num dos últimos emails, garantiu que certo padre mandou assassinar um homem. Em meio a tudo isso, envolve o bispo diocesano, que, para ele, é omisso a tudo, já que de tudo sabe e não reage.
Será paranóico o nosso rapaz? Talvez. Conta que seja um membro da igreja punido pelo bispado. Sei que se reserva a um anonimato que incomoda. Muito quer dizer, mas pouco sabe o quanto é chato com sua ladainha de expressa psicologia barata. Claro que não sou o único que está a par do assunto, já que a lista de emails é imensa. Mas o que é mais sério é que até agora ninguém resolveu investigar a identidade do sujeito. Tem falado muito, irritando a tantos. Especialmente tem desrespeitado a lei, agredindo a honra de pessoas que talvez nem saibam que estão envolvidas.
Numa das últimas mensagens garantiu ter em seu poder “algo que pode destruir a diocese”. Cerca-se do direito de defender certo Joãozinho, cuja punição recebida do bispo tem para ele caráter de injustiça. Já depois chegou ao extremo de anunciar um massacre em Cajazeiras, “muito pior do que todos os massacres feitos nos Estados Unidos que vocês já souberam e viram pela TV”. Segundo confirma, o massacre ocorrerá “num grande evento que vai acontecer aqui (Cajazeiras?), para que eu possa pegar as pessoas certas”. E manda um recado ao bispo diocesano: “Dom José, o senhor irá se arrepender de ter ouvido as pessoas erradas e tomado decisões erradas também, ao invés de ajudar a quem lhe pediu ajuda, mesmo que estivesse errado. Depois de fazer o que vou fazer me matarei para todos verem”.
É de se considerar a arrogância do moço? Ou buscará ibope, como disse noutro email? Não faz sentido pedir tanto e depois tirar a própria vida. Mas também não faz bem ouvir uma ameaça dessas e se cruzar os braços. E se o cara é mesmo um louco? Pode vir a provocar uma grave tragédia contra a sociedade local. Tudo é possível neste mundo de absurdos em que vivemos.
Vejam aí quem é o abandonado, o homem zangado, talvez sem causa, que se esconde no falso nome de Maria Clara Washington. Vai que busque apenas quem lhe ajude. Deve estar solitário. No mínimo infeliz com alguma desilusão por coisas que quis e não teve. Queremos que continue a se sentir diferente entre os outros? Creio que não. Por isso, é melhor prendê-lo. Prendam-no e descubram para mim se ele é louco, por que ele é louco. Cansei de receber seus emails.

Adalberto dos Santos - adalbertodossantos@gmail.com
Foi professor em Cajazeiras e atuou na imprensa da cidade como redator e articulista. Escreveu O PADRE E A RUA , que conta a história do sacerdote Anselmo Duarte Rolim, personagem folclórico da cidade. É colunista do portal Cronicas Cariocas e colaborador do jornal Gazeta do Alto Piranhas

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