Almanaqueiras: ou não queiras.

Almanaqueiras: ou não queiras.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

CINEMA DA RUA PEDRO AMÉRICO

Prédio onde seria construído o Cine Pax

Prédio onfe funcionou o Cine Pax
A rua em que eu morava em Cajazeiras, Rua Pedro Américo, é uma rua extensiva que faz cruzamento com outras mais. Seu início é a Travessa Ulisses Mota, que cruza com a Rua Padre José Tomás na Praça do Espinho; Rua Justino Bezerra; Rua Sebastião Bandeira de Melo; Rua Siqueira Campos; e Rua Coronel Peba. Antes da Coronel Peba tem uma outra que não me lembro o nome. O Circulo Operário tem como referência o início da Rua Pedro Américo e sua lateral faz parte da Travessa Ulisses Mota.

Ao lado do Círculo Operário tinha duas residências em que moravam Assis Nogueira, que tinha um mini comércio e seu vizinho era ‘seu’ Nezinho, que tinha uma tipografia. Ao lado dessas residências funcionava o antigo prédio das Freiras. Do outro lado da rua tinha a budega de seu Mané Jovino e a seguintes casas: a de dona Jardilina, que fazia cocadas; a de dona Luzia (mãe de Cândido), que era aposentada; a de seu Vicente, que era músico; a de ‘seu’ Agostinho, que trabalhava na Ford Cavalcante & Primo; a de dona Odília, que trabalhava com as freiras; a de ‘seu’ Bernardo, que era comerciante de calçados; a minha casa; a de ‘seu’ Zé Cartaxo, que era pedreiro; a de ‘seu’ Esmerindo Cabrinha, que era músico; a de ‘seu’ Zezino Macedo, que era caminhoneiro; a de ‘seu’ Antônio Guedes, que era agente fiscal; a de ‘seu’ Germano, que era agente fiscal; a de Nilda, que era estudante; a de ‘seu’ Arruda, que tinha uma farmácia; a de dona Zélia Ribeiro, que era professora; a de ‘seu’ Vicente, que tinha uma bodega; a de seu Moacir, que era lavador de carros no Posto Esso; a de Fernando, que era estudante e, finalmente, seu Sinval do Vale, que era fazendeiro em Nazarezinho.

Algumas casas tinham áreas abertas/livres como as de seu Agostinho; a de dona Zélia Ribeiro; a de seu Vicente e a de seu Sinval do Vale. A única casa da rua que tinha alpendre com peitoril, era a que eu morava. Eu tinha como amigos dessa rua: Joaquim e Fassis – de dona Paula; Ivan – de dona Teresinha;, Gilson e Gilberto, de dona Odília; Mitim, de dona Mocinha; Giguirí, de dona Lilia de ‘seu’ Esmerindo Cabrinha; Nena e Jocildo, de dona Soledade; Aldo, de dona Bilinha; Germanin e Gutim, de ‘seu’ Germano; Teotônio, Eudimacir, de dona Eunice; Humberto, Sales e João Robson de ‘seu’ Frade e Nenen de ‘seu’ Sinval.

Inventávamos muitas “brincadeiras de rua”, e outras eram realizadas no alpendre de minha casa, tais como: jogar partidas de jogo de botões; brincar com bola de meia fazendo aposta quem mais fazia pontos sem deixar a bola cair no chão usando a parte lateral do pé batendo a bola na parede; brincar de carrinhos que nós mesmos confeccionávamos e também brincávamos de bicicletas, onde sentávamos no peitoril do alpendre com um pedaço de madeira, fazendo de conta que era o guidon  e outro pedaço de madeira usando em baixo, que era o local dos combogós, onde se pedalava. Essa parte de brincar de bicicleta em cima do peitoril, tinha lugar somente para três ciclistas.

As meninas da rua, como Eladir, Eliete... e minhas irmãs, brincavam no alpendre, como jogar xibiu (jogo com pedrinhas), brincar de academia (jogo riscado no chão), entre outras coisas que elas inventavam.

Dentre essas brincadeiras que fazíamos no alpendre de casa, eu, meus irmãos e amigos inventávamos  uma que chamava atenção: o cineminha. Para fazermos o cinema, usávamos uma caixa de sapatos vazia com tampa, uma lâmpada pequena transparente, um espelho ou uma lanterna,  fitas de cinemas e um pano branco onde colocávamos na parede, onde fazia o papel de uma tela.

Era feito da seguinte forma: pegava-se uma lâmpada pequena transparente e arrancava o miolo dela onde se enchia de água até o gogó, daí fazíamos um buraco na tampa da caixa com o mesmo tamanho do gogó da lâmpada e colocava ela na tampa dentro da caixa. Na frente e no fundo da caixa, abria-se um janelinha - do tamanho de uma foto 3 por 4 - e fixava na janelinha um pedaço de filme de verdade, que procurávamos no lixo do Cine Éden ou Cine Cruzeiro. Aliás, lembra do monóculo que alguns fotógrafos tiravam a foto da gente e colocava dentro de um tubinho de plástico retangular? Essa foto era feita com o mesmo material de fita de cinema.

Para funcionar o cineminha, pegávamos o espelho e procurávamos o sol para refletir no espelho e jogando o reflexo na janelinha da frente da caixa, e esse reflexo passava por dentro da lâmpada cheia de água e atravessava a janelinha do fundo, fazendo com que a imagem chegasse na tela com uma dimensão bastante grande. Quando não se usava o espelho, podia fazer esse processo com uma lanterna acessa.

PEREIRA FILHO
Radialista
Brasília – DF
jfilho@ebc.com.br

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