Almanaqueiras: ou não queiras.

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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

BAIRRO UNIVERSITÁRIO DE CAJAZEIRAS

Já não há mais dúvida de que o progresso de Cajazeiras de hoje está bastante sedimentado graças a educação, e isso é praticamente uma conclusão unânime pelas cabeças pensantes da cidade, ou, venhamos e convenhamos, não é preciso ser muito entendido e analista do comportamento de nossa urbe para se chegar a essa conclusão. Qualquer par de olhos bem abertos enxergará fácil.

Na imprensa escrita, falada e digital (internet) encontraremos análises abalizadas, competentes, perspicazes sobre essa realidade. É comum afirmar-se que o curso de medicina público em Cajazeiras tornou-se um dos carros-chefes para a sedimentação dessa idéia de desenvolvimento. Se um curso de medicina público contribuiu para isso, imagina agora com o advento de outro, dessa vez com a chancela de particular. E vejam que a mensalidade de um curso dessa dimensão não é barato, não. Digo isso porque sei que, aqui em Brasília, há cursos particulares de medicina onde a parcela mensal no mínimo chega a três mil reais. Com certeza que os empreendedores desse curso fizeram pesquisa com antecedência e chegaram à conclusão de sua viabilidade, e o MEC deu seu aval, que é o importante. A expansão do ensino particular em Cajazeiras surge como se essa cidade tivesse a agradável sina de cidade-ensino.


Apesar das mazelas de pobreza, desemprego, favelização, criminalidade, caos urbano e adjacências, parece que Cajazeiras segue firme com a máxima de que foi a cidade que ensinou a Paraíba a ler, tendo em vista que esse fio da meada é que está impulsionando o progresso da cidade. Exageros à parte, só sei que a cidade está criando proporções de cidade mediana com cara de que daqui a muitos anos lá na frente não mais teremos o aconchego de cidade em que passaremos pela rua e cumprimentaremos a toda hora um conhecido. O petróleo estará chegando próximo à cidades vizinhas de Cajazeiras, e isso é sinal de crescimento expandido na região do Alto Piranhas.

Bem, mas onde é que entra essa idéia de “bairro universitário de Cajazeiras”? Digo ‘bairro’ para não sobrepor ao de ‘cidade’, porque senão teríamos uma instância superior ao nome da cidade de Cajazeiras. O termo “cidade universitária”, no caso nosso, “bairro universitário”, é uma expressão designativa de campi universitários que caracteriza um conjunto arquitetônico, e também urbanístico, sendo assim a melhor forma de estruturação de uma Instituição de Ensino Superior para reunir em um mesmo espaço suas unidades acadêmicas, laboratórios, hospitais, complexo desportivo, campos experimentais, estacionamentos, teatro, sala de exposições, e outros espaços afins com a devida facilidade para o trânsito, de automóveis à bicicletas – com ciclovias.

Antes que eu comece a ser bombardeado de críticas de que isso é um projeto inviável, adianto que, para realização disso se faz necessário ter o terreno, uma área destinada para tal, e esse terreno deveria ser doado pela esfera municipal, depois de muito debate na Câmara com a classe política, a classe empresarial, e com a comunidade. Um terreno ali pela redondeza da universidade, é claro, e, de início, com doação de terrenos para que professores e funcionários construíssem suas residências. A Casa do Estudante também tem que ter seu espaço. Os estudantes carentes que vêm de longe e não têm recursos para alugar moradia na cidade.
Professores e estudantes do curso de medicina de Cajazeiras UFCG

As grandes universidades têm suas cidades universitárias ou similares. Aqui em Brasília a UnB tem em seu campus fantástico, a colina, ligado a universidade, que é o local de moradia de professores e funcionários (não todos). Professores principalmente do mestrado e doutorado. Em Cajazeiras, a doação de terrenos para professores e funcionários construírem suas residências teria a finalidade para que esses professores, muitos vindo de fora de Cajazeiras, fincassem raízes em nossa cidade, e com isso adquirissem a visão e a vontade de pensar Cajazeiras como centro de suas pesquisas e seus projetos acadêmicos, com retorno para a comunidade cajazeirense.

Se Cajazeiras não abre os olhos para um projeto dessa envergadura, mais cedo ou mais tarde, de preferência mais cedo, brigando por recursos nos domínios estadual e federal, outras cidades abraçarão essa causa. Digo isso porque tenho notícia de que a cidade de Pombal, pertinho de Cajazeiras, já começou a abrir suas discussões para doação de terreno público para os professores do campus de lá da UFCG construírem suas residências – tudo próximo à universidade. Conheci as edificações já prontas da universidade de Pombal no início do ano passado, e sei que já está montado um excelente laboratório para o pessoal do curso de química. Lá, em Pombal, tem muitos professores de Minas Gerais e outros estados também, e, com certeza, se fixando em residências próprias, criarão raízes pombalenses para pensar, amar e gostar daquela cidade, beneficiando-a em seus projetos e pesquisas.

Não sei se essa idéia, do bairro universitário, já é velha em Cajazeiras, e se não for, fica aí então a provocação, que carece de maior detalhamento nesse espaço e no espaço de qualquer um que queria se manifestar.



Eduardo Pereira

E-mail: dudaleu1@gmail.com

2 comentários:

  1. Belo texto cara. Sou de Goiás e estou estudando para passar em Medicina e escolhi Cajazeiras como primeira opção. Pois por aqui é complicadíssimo ser aprovado. Espero passar e ser bem recebido na cidade. Já cursei outro curso em uma cidade interiorana e posso afirmar que esse tipo de campus leva desenvolvimento para a cidade.

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  2. Eduardo meu contemporâneo, concordo em gênero, grau e número com seu pensamento. Gostaria que permitisse agregar uma sugestão. Cajazeiras deve ser pensada de uma forma macro, pois o entorno circunvizinho de cidades que fazem o cinturão universitário, precisam estar inseridas nesse projeto de cidade universitária de porte médio. Para isso acontecer, devemos nos pautar no respeito, compromisso e pensamento coletivo.

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