Vou discorrer um pouco sobre algumas pessoas deficientes de Cajazeiras da década de 60 e que tinham um jeito diferente de ser. Porque diferente? Porque eram pessoas que não tinham, digamos, saúde mental igual à de uma pessoa de sã consciência.
Quando menino, além das brincadeiras que eu fazia ou participava, gostava de imitar certas pessoas. O que me chamava a atenção para estas pessoas com deficiência física ou diferente, é que elas também mostravam seu valor e respeito. Ou seja, eram figuras populares queridas pelos cajazeirenses. Mas como todo menino era danado, eu também fazia minhas presepadas.
Quem não se lembra de 99? Pois bem. Era uma velinha que, com certeza, não tinha 99 anos, pois mostrava um bom físico para sua idade de, talvez, 80 anos e não 99. Pelo que sei, seu nome era Antônia, ou Toinha, e ela andava sempre com uma bolsa a tiracolo com pedras pequenas, e não paralelepípedos. Quando passávamos perto dela e a cumprimentávamos com um “tudo bem Toinha/Antônia?”, ela respondia que sim. Ela não gostava de ser chamada de 99, e aí a molecada já sabendo disso, era só falar “99” e ela não pensava duas vezes para tirar da sacola tiracolo pedras (xêxo) para atirá-las em direção a quem lhe insultou, ou às vezes atirava sem rumo, porque ela usava óculos fundo de garrafa, ou seja, talvez não enxergasse bem. Antes de atirar pedras ela já xingava com um “99 é a mãe, seu filho da p...” e daí em diante ela não parava de soltar palavras de baixo calão se referindo a mãe de quem a xingou. Dentro da Catedral de Cajazeiras se você der um grito, o som dá aquele eco. Esse era o melhor local para chamar 99 quando ela estava no interior dessa Igreja. Com um detalhe: não podia chamar 99 quando ela estivesse assistindo a missa, porque se não o bicho pegava. Garanto que eu nunca falei 99 em plena Missa.
Nas Casas Pernambucanas tinha um funcionário deficiente, que eu não sei qual era o seu nome. Ele era conhecido por Tutu, e ele não falava devido sua deficiência bocal, e também nas pernas as quais ao se movimentar, ele as arrastava com uma certa dificuldade, mas sem o auxílio de muleta. Ao cumprimentá-lo, ele, por não falar, respondia com o dedo polegar na posição de OK ou tudo bem.
Edson, irmão de Boréu, tinha a perna direita bem curta e ao andar, se balançava de um lado para outro. Daí, ele tinha o apelido de “galinha baleada”. Ele trabalhava com um carro de mão, que na época era muito utilizado pelos chapeados (homem que descarregava caminhão com sacos pesados na cabeça). “Galinha baleada” quando trabalhando na sua função em cima do carro de mão, às vezes em velocidade, a gente (a meninada) simulava um tiro de espingarda com um “PÁ,PÁ,PÁ”. Ele ficava muito infezado e corria atrás da gente.
Zé Mendes, de dona Cacilda, era deficiente de uma das pernas e ele andava arrastando-a com um pouco de dificuldade. Esse, eu só fazia imitá-lo.
Mimita , que era dono e treinador do time Ibis, não aquele Ibis do Recife que nunca ganhou de time algum, era baixinho com seus um metro e meio de altura, e tinha também uma perna curta, mas andava sem muita dificuldade. Eu também sabia imitá-lo.
Tio Agripino (In Memorian), irmão de meu pai, também tinha a perna direita curta e a mão direita na posição de caída. Ele mesmo gostava de me pedir que o imitasse. Com todo respeito, eu o imitava e isso fazia com que ele risse com aquele gesto que eu fazia.
Lagartixa. Era uma mulher, andava balançando a cabeça de um lado para outro. Ela só andava de vestido longo e preto, de pés descalços, e só olhava para as pessoas com os olhos arregalados, sem falar nada, mesmo que alguém a cumprimentasse. Essa eu não gostava de imitar.
Azougue. Era um rapaz de aparência nova, mais ou menos 20 anos, que tinha o hábito de só andar correndo. Na Praça João Pe ssoa ele corria da Merendinha até o baldo do açude. Voltava correndo toda a extensão da Praça, de ré, até a Merendinha. Ele não era deficiente, mas não era bom da cabeça. Tinha um problema mental, creio eu.
Damião Zanôi. Era um senhor que trabalhava com caminhão e eu gostava de imitá-lo fazendo um gesto na troca dos olhos (zanôi) e simulava dirigindo um carro.
Garrincha. Isso mesmo. Aquele ponta direita do Botafogo do Rio de Janeiro conhecido mundialmente por ter participado de Copas do Mundo. Eu o imitava com as pernas tortas.
Em São José de Piranhas (Jatobá) tinha uma rapaz de cor negra, que andava se arrastando tipo animal quadrúpede. Eu também o imitava. Segundo informações, hoje ele mora em João Pessoa e é advogado. Parabéns pra ele.
Bem, todas essas pessoas que mencionei me faz lembrar o quanto era bom ser criança, porque muitas vezes a gente fazia as pessoas rirem com essas imitações, mas com todo o respeito ao próximo.
Quem não se lembra de 99? Pois bem. Era uma velinha que, com certeza, não tinha 99 anos, pois mostrava um bom físico para sua idade de, talvez, 80 anos e não 99. Pelo que sei, seu nome era Antônia, ou Toinha, e ela andava sempre com uma bolsa a tiracolo com pedras pequenas, e não paralelepípedos. Quando passávamos perto dela e a cumprimentávamos com um “tudo bem Toinha/Antônia?”, ela respondia que sim. Ela não gostava de ser chamada de 99, e aí a molecada já sabendo disso, era só falar “99” e ela não pensava duas vezes para tirar da sacola tiracolo pedras (xêxo) para atirá-las em direção a quem lhe insultou, ou às vezes atirava sem rumo, porque ela usava óculos fundo de garrafa, ou seja, talvez não enxergasse bem. Antes de atirar pedras ela já xingava com um “99 é a mãe, seu filho da p...” e daí em diante ela não parava de soltar palavras de baixo calão se referindo a mãe de quem a xingou. Dentro da Catedral de Cajazeiras se você der um grito, o som dá aquele eco. Esse era o melhor local para chamar 99 quando ela estava no interior dessa Igreja. Com um detalhe: não podia chamar 99 quando ela estivesse assistindo a missa, porque se não o bicho pegava. Garanto que eu nunca falei 99 em plena Missa.
Nas Casas Pernambucanas tinha um funcionário deficiente, que eu não sei qual era o seu nome. Ele era conhecido por Tutu, e ele não falava devido sua deficiência bocal, e também nas pernas as quais ao se movimentar, ele as arrastava com uma certa dificuldade, mas sem o auxílio de muleta. Ao cumprimentá-lo, ele, por não falar, respondia com o dedo polegar na posição de OK ou tudo bem.
Edson, irmão de Boréu, tinha a perna direita bem curta e ao andar, se balançava de um lado para outro. Daí, ele tinha o apelido de “galinha baleada”. Ele trabalhava com um carro de mão, que na época era muito utilizado pelos chapeados (homem que descarregava caminhão com sacos pesados na cabeça). “Galinha baleada” quando trabalhando na sua função em cima do carro de mão, às vezes em velocidade, a gente (a meninada) simulava um tiro de espingarda com um “PÁ,PÁ,PÁ”. Ele ficava muito infezado e corria atrás da gente.
Zé Mendes, de dona Cacilda, era deficiente de uma das pernas e ele andava arrastando-a com um pouco de dificuldade. Esse, eu só fazia imitá-lo.
Mimita , que era dono e treinador do time Ibis, não aquele Ibis do Recife que nunca ganhou de time algum, era baixinho com seus um metro e meio de altura, e tinha também uma perna curta, mas andava sem muita dificuldade. Eu também sabia imitá-lo.
Tio Agripino (In Memorian), irmão de meu pai, também tinha a perna direita curta e a mão direita na posição de caída. Ele mesmo gostava de me pedir que o imitasse. Com todo respeito, eu o imitava e isso fazia com que ele risse com aquele gesto que eu fazia.
Lagartixa. Era uma mulher, andava balançando a cabeça de um lado para outro. Ela só andava de vestido longo e preto, de pés descalços, e só olhava para as pessoas com os olhos arregalados, sem falar nada, mesmo que alguém a cumprimentasse. Essa eu não gostava de imitar.
Azougue. Era um rapaz de aparência nova, mais ou menos 20 anos, que tinha o hábito de só andar correndo. Na Praça João Pe ssoa ele corria da Merendinha até o baldo do açude. Voltava correndo toda a extensão da Praça, de ré, até a Merendinha. Ele não era deficiente, mas não era bom da cabeça. Tinha um problema mental, creio eu.
Damião Zanôi. Era um senhor que trabalhava com caminhão e eu gostava de imitá-lo fazendo um gesto na troca dos olhos (zanôi) e simulava dirigindo um carro.
Garrincha. Isso mesmo. Aquele ponta direita do Botafogo do Rio de Janeiro conhecido mundialmente por ter participado de Copas do Mundo. Eu o imitava com as pernas tortas.
Em São José de Piranhas (Jatobá) tinha uma rapaz de cor negra, que andava se arrastando tipo animal quadrúpede. Eu também o imitava. Segundo informações, hoje ele mora em João Pessoa e é advogado. Parabéns pra ele.
Bem, todas essas pessoas que mencionei me faz lembrar o quanto era bom ser criança, porque muitas vezes a gente fazia as pessoas rirem com essas imitações, mas com todo o respeito ao próximo.
Pereira Filho
jfilho@ebc.combr
Radialista
Brasília - DF
jfilho@ebc.combr
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