Almanaqueiras: ou não queiras.

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segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

a história de Ciro não é de maluco, não.

Ciro Gomes é maluco? 

Celso Rocha de Barros 


Certo, depois da entrevista de Jair Bolsonaro para a Folha na quinta passada, o sarrafo para se dizer que alguém falou besteira em entrevista subiu. Mas, enfim, pelo padrão vigente até quarta-feira, Ciro Gomes fala muita besteira em entrevista. Tem alguma coisa que não funciona na cabeça de Ciro e o faz, uma ou duas vezes por ano, perder 50 pontos de QI bem na hora em que devia estar explicando para o grande público por que votar nele seria uma boa ideia. Ou é isso ou Ciro tem um gêmeo burro que de vez em quando pula na frente dos microfones e fala besteira sobre o papel que sua mulher vai ter no seu governo, ou sobre dar tiro nos outros. Se for a segunda explicação, não vai ter jeito, o PDT vai ter que mandar matar esse cara.

Falando em PDT: depois que saiu do PSDB, Ciro fez uma grande peregrinação por pequenas legendas de esquerda, em geral ajudando-as a tornarem-se menos pequenas enquanto o abrigaram. Agora está no PDT, que parece finalmente disposto a deixar de ser só o partido do Brizola, posição difícil de manter depois que Brizola, enfim, morreu.

Para se consolidar como opção de esquerda, Ciro tem adotado um discurso bem mais à esquerda do que seria normal para alguém com sua trajetória.

Talvez dê certo. A viabilidade eleitoral de Ciro só vai começar a ser medida quando Lula for impedido de concorrer pela Justiça. O discurso à esquerda de Ciro procura atrair os lulistas que ficarão sem candidato.

Com isso, à persona de maluco, Ciro soma um discurso econômico que, a esta altura do campeonato, não me parece particularmente são. Pelo amor de Deus, não deixem o gêmeo doido chegar perto do Ministério da Fazenda.

Mas eu tenho o direito de lamentar que a candidatura de Ciro não reflita melhor sua história. Porque a história de Ciro não é de maluco, não.

Ciro foi o primeiro governador eleito pelo PSDB, o único eleito antes do Plano Real. Na maioria das avaliações, foi um bom governador. Participava do grupo de Tasso Jereissati, cujo legado no Ceará foi, no geral, positivo. Foi ministro durante o Plano Real, e foi um ministro razoável. Fez uma grande abertura comercial, aliás. FHC o cogitou para ministro da Saúde, Lula lhe deu ministérios importantes, e em nenhum momento, no exercício desses cargos, Ciro saiu correndo pelado pelo ministério.

Além disso, seu irmão e aliado, Cid Gomes, teve um desempenho muito bom como prefeito de Sobral (CE); eu, particularmente, não voto em ninguém neste ano que não prometa estender a experiência educacional de Sobral para o resto do Brasil. Dilma colocou Cid como ministro da Educação. Eduardo Cunha o tirou do cargo.

Fica, portanto, a questão, que, aliás, já coloquei aqui para Lula: se eu votar em Ciro, estou votando no tucano de esquerda que foi bom ministro de Lula ou no maluco que diz que vai reverter imediatamente todas as reformas de Temer? Porque essa última ideia é tão ruim que, se Bolsonaro a propusesse, pareceria idiota mesmo se comparada às outras ideias de Bolsonaro.

Se Ciro conseguir renovar o programa do PDT com sua experiência de ex-tucano e ex-lulista, a política brasileira sairá melhor, mesmo se Ciro perder. Mas, se for só para repetir o discurso da esquerda dos anos 50, estarei entre os que lamentarão o desperdício de candidato.

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