Tom Cardoso
Eu armei um plano para trabalhar em casa no mês de férias dos meus filhos. Dou um beijo nas crianças e digo que vou trabalhar. Saio e entro logo em seguida, escondido, e vou direto para o quarto de empregada, que, graças ao altruísmo de nossos arquitetos, é menor que a cela do Mandela. Trabalho sentado na privada, com o laptop em cima da pia, e o corpo apoiado no único armário, lotado de produtos de limpeza, as ferramentas de trabalho da Geni, a diarista que não faz café para qualquer um.
Hoje, aliás, ela veio trabalhar. Já esperava pelas três batidas na porta.
- Seu Tom...
- Oi Geni. Eu pego pra você. Tá na mão: Sapólio Radium, UAU Multiuso, Super Candida, Veja, Mr. Músculo... Mais alguma coisa?
- Seu Tom, preciso entrar...
- Por que, Geni?
- Desculpe, mas tenho que ir ao banheiro.
- Vai no meu, Geni. Se as crianças descobrem que estou em casa, fudeu.
- Seu Tom, não vou fazer o número 2 no seu banheiro. Não me sinto à vontade.
- Não brinca, Geni.
- É sério. Não demora. Tô apertada!
Eu mereço o Prêmio Esso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário