Almanaqueiras: ou não queiras.

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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

É assim e só assim que vamos ter políticos que tomam ônibus, levam as crianças para a escola pública e cozinham o próprio jantar -- como tem que ser numa sociedade civilizada.

   Pablo Ortellado

Esse incômodo moral que emergiu com os super-salários do judiciário, o aumento dos salários dos vereadores de São Paulo e as compras para o avião do Michel Temer nós não vamos resolver com limitações pontuais. Não adianta torcer para emergir num país desigual como o Brasil uma liderança frugal como o papa Francisco ou o Pepe Mujica. Quem conhece o Uruguai sabe que o Mujica não é tão excêntrico e, de certa forma, é produto de um país no qual os cidadãos de todas as classes frequentam a escola pública e os supermercados são espartanos se comparados aos brasileiros. 




Para sermos mais parecidos com eles, precisamos colocar em primeiro lugar na agenda política a reforma tributária, revertendo a regressividade dos nossos impostos, assim como a consolidação e ampliação dos serviços públicos de saúde e educação. Precisamos de uma sociedade com menores diferenças de renda e na qual as pessoas convivam no posto de saúde e na escola pública. 

Nós somos um país de renda média e poderíamos dar uma vida decente para todos. Como sempre sugere o Ladislau Dowbor, faça o exercício: divida o PIB do Brasil pela força de trabalho -- numa distribuição igualitária, cada brasileiro ganharia 5 mil reais, cada casal teria uma renda de 10 mil reais para sustentar a família. É assim e só assim que vamos ter políticos que tomam ônibus, levam as crianças para a escola pública e cozinham o próprio jantar -- como tem que ser numa sociedade civilizada.

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