Almanaqueiras: ou não queiras.

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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Pois então só nos resta bater palmas para os bravos brasileiros que invadiram o Congresso pedindo a volta dos generais.

  
Barbara Gancia

Olha só, eu não sei se pessoal não quer entender, se acha que opta pelo "mal menor" (o que sempre acaba sendo o mal pior), se não sabe fazer juízo de caráter e/ou valor ou se o medo e a culpa impede que pensem com clareza. Fato está que o triplex do Guarujá ou o sítio de Atibaia, como qualquer jumento é capaz de inferir, são produto de TRÁFICO DE INFLUÊNCIA. Já as malversações perpetradas por figuras como Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Delcídio do Amaral, enfim, da inteira "geração Sarney" configuram a tal CORRUPÇÃO ATIVA que corroeu a riqueza e o desenvolvimento do país, ao menos, do fim da ditadura pra cá.

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Vir com esse papo bovino de que "criminoso é criminoso e todos tem que pagar igual" é mais ou menos como querer aplicar a mesma pena pra quem rouba uma margarina no mercado e quem comete uma chacina.

Na infame entrevista de Michel Temer no programa "Roda Viva" o que a gente viu foi uma camaradagem com o poder (qualquer que seja) que é corriqueira na imprensa.

Os nossos jornalistas costumam se acanhar diante do poder evidenciando um conflito de interesse recorrente na atividade da imprensa no país.

Os donos do poder, empresários, industriais e grandes corporações, funcionam sob um véu de mistério ao qual a imprensa não tem acesso.

Acredite, parece absurdo, mas é isso mesmo.

Funciona um pouco da mesma forma como na F1: a gente só fica sabendo o que eles nos contam.

E ninguém ousa interferir no relacionamento do poder com a empresa de comunicação para a qual trabalha.

Sabe lá que eu não quero dar prejuízo pro patrão, meter ninguém em encrenca, né mesmo?

É temperamento, nosso modus operandi, chame como quiser, é assim que acontece desde sempre.

Ninguém peita entrevistado. Quanto mais poderoso, mais a imprensa se deixa intimidar.

Este é o nosso jeito de fazer jornalismo -talvez porque esse seja o nosso jeito de ser.

Brasileiro vê o confronto com maus olhos, achamos falta de educação, somos o país do "deixa pra lá".

Quem não deixa é visto como criador de caso.

E ninguém gosta de quem cria caso.

Ser "bem educado", pra nós, implica em ser hipócrita, em deixar estar o que por algum motivo parece encoberto.

Basta assistir a uma coletiva de imprensa com um presidente norte-americano pra perceber que o jornalista brasileiro não tem o costume de fazer perguntas mais duras.

Vimos nestes dias como funciona a "República do Jeitinho", na transcrição apresentada pela Folha dos emails entre Sérgio Cabral e seus cupinchas.

Depois vimos a pesquisa do IBGE que demonstra a correlação entre a renda e a colocação profissional dos pais e a escolaridade e os salários alcançados pelos filhos.

É óbvio que "o acesso à cultura e aos estímulos intelectuais" determinam o grau de instrução, mas, na República da Desigualdade Perene é, sobretudo, o grau de influência do parentesco que determina a colocação e o salário que o camarada vai receber.

A filhinha do ministro Fux do STF que o diga, né mesmo?

Quantos políticos neste país são "filhos de"?

Quanto à questão que sobrepõe o apartamento na planta do ministro Geddel e a demissão do ministro da Cultura, ela evidencia que o golpe contra a nossa democracia ajudou a promover, e não a inibir, a desfaçatez.

Há uma turma que não se comove e continua obedecendo as mesmas regras da cartilha que fez o Roberto Jefferson se insurgir contra o governo do PT.

Ué, chamava-se "mensalão" porquê?

Não era porque passaram a trocar cargo por mesada?

Agora, a novidade é que eles legislam em causa própria a partir do cargo mais alto da República e sem qualquer constrangimento.

A imprensa continua a transmitir toda a pornografia que o governo e seus ministros produzem diariamente com o mesmo tom de isenção de sempre.

Como se não tivesse havido Mensalão, Impeachment ou Lava Jato.

Como se o Supremo continuasse a ser aquele desconhecido da era pré Joaquim Barbosa.

Como se José Serra e Aécio Neves não tivessem sido implicados em denúncias N vezes.

Repórteres lotados em Brasília entram ao vivo para relatar o escândalo mais recente como se estivessem lendo um resumo do boletim meteorológico.

E ninguém mais bate panela.

Ninguém mais chama a atenção para a insanidade cotidiana que nos rege.

Ninguém entende nada, ninguém explica nada.

O problema era o Lula, agora voltou tudo ao normal.

Pois então só nos resta bater palmas para os bravos brasileiros que invadiram o Congresso pedindo a volta dos generais.

E lá vem o Bolsonaro descendo a ladeira...

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