Luis Felipe Miguel
Leio no jornal que o bispo Rodovalho, presidente da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil, articula a candidatura do também bispo Crivella em 2018 e diz: "Chegará o momento em que o Brasil terá um presidente evangélico. É natural".
Sim, é natural. Católico, evangélico, ateu, budista, muçulmano: na verdade, a religião ou falta de religião de quem exerce a presidência não deveria ter grande importância. O que não é "natural" é que candidaturas sejam construídas com base na filiação a uma igreja, que igrejas que convertam em empresas políticas voltadas à ocupação de cargos de poder, que o proselitismo religioso se converta numa forma aberta de proselitismo político, que os rebanhos de fiéis se transformem em currais eleitorais, que a laicidade do Estado seja desafiada e que templos se tornem palanques.
O fato de que Rodovalho fale abertamente em construir uma candidatura presidencial e em metas de eleição de parlamentares federais (quer 150 na próxima legislatura) mostra um desvio de função que, aliás, é vedado pela lei. Quer dizer, que seria, caso existisse lei no Brasil.
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