Almanaqueiras: ou não queiras.

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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Se há evangélicos que não compactuam esse comportamento, desconsidere essa postagem. Não é nada pessoal e acho que dá para entender isso. Se me manifesto é porque estou sentindo minha vida invadida por valores e leis impostas por esse tipo de gente.

  
Elika Takimoto

Acabei de ler o livro "Plano de poder – Deus, os cristãos e a política", escrito pelo mais bem-sucedido pastor neopentecostal do Brasil, o bispo Edir Macedo. Para não me acusarem de falta de leitura ou de respeito, procuro ler de tudo e continuo estudando aqui para tentar entender até onde esses líderes evangélicos pretendem tirar a minha paz.
Trago péssimas novidades. O plano é organizado, como vemos já em curso avançado, e claro. 


O mais esquisito é que ele praticamente confirma todos os vídeos onde vemos pastores arrancando dinheiro de fiéis e incitando o voto. Ele diz que é assim mesmo que tem que ser feito e justifica.

Logo de início, Macedo escreve: ‘Vamos nos aprofundar, através desta leitura, no conhecimento de um grande projeto de nação elaborado e pretendido pelo próprio Deus e descobrir qual é a nossa responsabilidade neste processo."
E diz Macedo que Deus teve como pretensão a formação de uma grande nação:

"Desde o início de tudo Ele nos esclarece de sua intenção de estadista e de formação de uma grande nação."

Macedo fala diretamente com os 40 milhões de cristãos brasileiros, ou melhor, os evangélicos, pois somente estes ele considera cristãos, para verem a bíblia não apenas como um livro religioso, mas também como uma espécie de ‘manual’ de ação política, escrito pelo maior dos estadistas: Deus.

"Insistimos em que a potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer pleito eletivo, tanto no Legislativo quanto no Executivo, em qualquer que seja o escalão, municipal, estadual ou federal. Mas essa potencialidade depende de cultura cívica, conscientização, engajamento e mobilização".

Não há capítulo ou página em que ele não estimule e praticamente exija a participação política dos evangélicos:
"Os cristãos não devem apenas discutir, mas principalmente participar de modo a colaborar para a desenvoltura de uma boa política nacional e sobretudo com o projeto de nação idealizado por Deus para o Seu povo".

Não basta votar, tem que convencer aos demais sobre os valores de Deus para que façam uma nação com Seus valores (sic):
"É preciso haver clareza quanto ao fato de que, quando abordamos o tema política, estamos falando de algo complexo e que não se resume a uma ou outra ação sim de ações contínuas."

As promessas de quem fizer o que o mestre mandar permeiam o livro de capa à capa:
"Os resultados da fé, por exemplo, são provenientes de ações inteligentes e mútuas: o ser humano faz a sua parte e Deus cumpre a d´Ele".

Seguem-se a esses trechos orientações práticas de como os ‘cristãos’ devem proceder para eleger os seus, isto é, os representantes de Deus e Macedo ainda coloca medo caso eles ouçam quem pense diferente:
"Não é difícil imaginarmos quantos cristãos podem ter sido captados por técnicas de comunicação e marketing e persuadidos a votar em causas diferentes das suas".

A comparação dos hebreus, sob o governo do faraó do Egito, com os ‘cristãos’ brasileiros, à espera de um ‘libertador’, um novo Moisés, perpassa todo o livro. Eu até ganhei cultura, confesso. Já li o Velho Testamento mas não me lembrava de várias passagens que ele sempre cita:
"Até porque temos percebido, por parte da sociedade, que ser evangélico no Brasil ainda é como ser estrangeiro no Egito nos dias do Faraó."

Um dos capítulos, o que mais me chocou, é dedicado ao ‘agente apropriado’ para assumir o poder e que isso seria o "início do grande intuito divino". Macedo vê a si próprio e seus indicados - e não faz a menor questão de disfarçar - como os "agentes apropriados" para serem o "Moisés" brasileiro.

O plano está claro:
“Somente quando todos ou a maioria dos que a seguem estiverem convictos de que ela é a Palavra de Deus, então ocorrerá a realização do grande sonho Divino”, conclui Macedo colocando-se como canal da realização do “grande sonho Divino”, que é o estabelecimento do Brasil como nação “evangélica”.

Se for estudar um pouco mais e sair comparando discursos, não vamos demorar nada e encontrarmos paralelos com diversos movimentos destrutivos dos EUA e Europa.

O livro afirma categoricamente que os pastores atuam como canais de comunicação de Deus e dão forte ênfase, claro, ao crescimento financeiro de todos os que dela participarem sinal, diz ele, da retribuição divina.

E nem vamos falar dos inúmeros vídeos que temos de pastores arrancando dinheiro dos fiéis que mostram que é assim mesmo na prática. Os pastores seguem o líder maior. E há vídeos mostrando Edir Macedo ensinando pastores como fazer isso de forma funcional.

Olha, eu peço para que os próprios evangélicos leiam isso. Se ainda assim, continuarem seguindo e dando dinheiro para esse cara, pelo menos não será mais de forma tão ingênua assim. Será um trouxa, mas consciente de que está sendo manipulado e poderá esclarecer, assim como eu agora consigo, como a estratégia é bem traçada e funciona para os que não se importam de serem usados.

Se há evangélicos que não compactuam esse comportamento, desconsidere essa postagem. Não é nada pessoal e acho que dá para entender isso. Se me manifesto é porque estou sentindo minha vida invadida por valores e leis impostas por esse tipo de gente.

Falo somente em cima do que leio, vejo e com as pessoas ditas cristãs com as quais interajo. Se quiserem que eu veja algo que não esteja vendo, mostrem-me, por favor.

Está tudo aí por ora sobre esse livro e o Plano de Edir Macedo. Gostaria eu de ter inventado alguma coisa.

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