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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Quanto mais utopia, menos drogas… O que não dá é viver sem sonhos”

Frei Beto: ‘Todo verdadeiro cristão é um comunista sem o saber’

freibeto



“Todo verdadeiro cristão é um comunista sem o saber; todo verdadeiro comunista é um cristão sem o crer”. Assim respondeu Frei Betto, quando perguntado em uma entrevista se ele se considerava um comunista. Esse é o pensamento do escritor, jornalista e religioso dominicano, autor de mais de 60 livros, que nasceu em 25 de agosto de 1944.


Filho dos escritores e jornalistas Antonio Carlos Vieira Christo e Maria Stella Libanio Christo, Carlos Alberto Libânio Christo ficou conhecido como Frei Betto quando se tornou frade dominicano em 1966. No convento estudou jornalismo, antropologia, filosofia e teologia Paralelamente aos seus afazeres religiosos, Começou a atuar como jornalista na revista Realidade e no jornal Folha da Tarde, órgãos de esquerda que desafiavam a censura da ditadura militar.

Os frades dominicanos participavam da resistência à ditadura, formando um grupo de apoio aos militantes da ALN (Ação Libertadora Nacional) comandada por Carlos Marighella. O próprio Frei Betto explica que a tradição de participação dos dominicanos na luta política vem do tempo em que os dominicanos franceses e italianos lutaram junto com os comunistas contra os nazistas na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial.

“Estive várias vezes com Marighella. É um herói da história do nosso país. Tínhamos plena consciência das possíveis consequências. Tínhamos 20 anos na década de 1960, éramos uma geração viciada em utopia. Quanto mais utopia, menos drogas… O que não dá é viver sem sonhos”, afirmou.

Foi preso político de 1969 até 1973. “Fui torturado fisicamente na primeira prisão, em junho de 1964. Na segunda, em novembro de 1969, livrei-me da tortura física graças à intervenção do general Campos Christo, irmão de meu pai. Porém, assisti a torturas de outros presos e sofri torturas psicológicas, nos vários presídios por onde passei”. Todo esse sofrimento, Frei Betto relatou em alguns livros como “Cartas da Prisão”, “Diário de Fernando”, e “Batismo de Sangue”, onde descreve os bastidores do regime militar, a participação dos dominicanos na resistência, a morte de Marighella e as torturas sofridas por Frei Tito.

Frei Betto recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Assessorou vários governos como o de Cuba, coordenando projetos sociais e pastorais, e o brasileiro, onde ocupou a função de assessor especial do presidente Luis Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2010, coordenando também a mobilização social do programa Fome Zero.

Em 1983, ganhou o Prêmio Jabuti, com o livro “Batismo de Sangue”, com o qual ganhou renome nacional e internacional e foi adaptado para o cinema, em 2006, pelo diretor Helvecio Ratton.

Defensor da Teologia da Libertação, Frei Betto atualmente colabora com vários jornais e revistas de todo o Brasil, assessora movimentos pastorais e sociais e convive com personagens importantes da história política e cultural brasileira. É amigo pessoal do ex-presidente Lula, do compositor Chico Buarque, do líder Fidel Castro, entre muitos outros.

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