"NÃO SE ENGANEM: A GLOBO NÃO É LEGAL"
Prof. Wilson Gomes
Abaixo uma cena de Babilônia, de ontem. Podem ver, sei que vocês não veem ficção seriada nacional, mas ninguém vai condená-los por dar uma olhadinha de nada na novela, justo quando há uma fala desancando quem ataca o sistema de cotas adotados nas universidades.
Hoje esta cena está rolando por aí no comentário social, principalmente nas duas franjas extremas que adoram odiar a Globo. Os conservadores, já passaram o recibo de que abominam esta novela "liberal", então só acrescentaram a sequência na sua lista de coisas para odiar. Mas, e os "progressistas", que se consideram tão superiores, moral e intelectualmente,elogiaram a cena? Qual o quê?
Tenho aqui uma coleção de capturas de tela que irão ilustrar a minha tese sobre como a polarização torna as pessoas estúpidas e inaptas para julgamentos sensatos sobre a realidade. À imaginária pergunta "e aí, a Globo mandou bem?" as respostas são: "Não, não, não. Não importa o que a novela pretende, não importa nada. Importa sim é que a TV nunca esteja ligada no canal". "Isso, vamos acabar com esse câncer, usando o controle remoto, como disse a Dilma", "Globo progressista? Só quando o Sgt. Garcia prender o Zorro!", "É ingenuidade achar que essa fala é iniciativa do autor da novela. Tá na cara que houve uma reunião de emergência para saber o que fazer com a queda da audiência. Só isso". "A Globo está querendo se redimir ou está querendo ganhar a simpatia do governo novamente pra voltar a injetar dinheiro na Globo através da propaganda", "A Globo sai de cima do muro mediante o seu interesse, mesmo querendo devolver o poder para as elites, ela joga no time que vai ganhar, ela já viu que esse movimento contra o PT é puro fogo de palha", "Não dá para ficar satisfeito por tão pouco, amanhã ou depois a Globo já vai dar o seu contraditório, e não vai ser suave. Vem muita paulada pela frente", "Não se enganem: A Globo não é legal".
Disso depreendo cinco dogmas básicos sobre a Globo: 1) todos os conteúdos produzidos por todas as empresas de comunicação da Rede Globo formam um maciço ideológico único, unidimensional e desprovido de ambiguidades; 2) todos os profissionais envolvidos na produção de conteúdo na emissora, do autor de novelas ao editor de jornais, do ator ao apresentador de um talk show, trabalham de maneira uniforme e irrefletida, sem conflito nem tensões internas, para que a emissora alcance o seu propósito maligno; 3) Não há diferença entre ficção, entretenimento e jornalismo, nem diferença entre linhas editoriais de jornais, entre autores e diretores de telenovelas, ou entre apresentadores, todos as distinções entre produtos, gêneros e pessoas são anuladas em favor de uma meta única e consistente; 4) Não há diferença cronológica no que se refere à Globo, um produto de 1964 e um produto de 2014 são absolutamente imunes ao tempo, às mentalidades e às circunstâncias e veiculam a mesma ideologia padrão Globo que "nós sabemos qual é". 5) Nos conteúdos da Globo não há acaso, gratuidade, arestas, incoerências, incongruências, rebeldias, sobras. Tudo está definitivamente arrumado e ajustado num grande mecanismo racional e controlado cujo fim é sempre o mesmo. Em suma: tudo nesse vida abriga ambiguidade, contradições, diferenças internas, alterações no tempo, oscilações, menos a Globo.
Valei-me!
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