Almanaqueiras: ou não queiras.

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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

"nós não petista, nós de es-quer-da."

Somos educados desde cedo para tomar partido na luta do bem contra o mal e não para entender a pluralidade de pontos de vista ou mesmo o fato de que "bem" e "mal" são construções que atendem a interesses de determinados grupos sociais. Não são absolutos, mas precisam ser enxergados à luz de seu contexto.

Leonardo Sakamoto



É tão raso quando alguém atribui a origem de todos os males a um único partido, seja PT, PSDB, Rede e por aí vai, quando sabemos que as coisas são bem mais complexas. Ou quando se institucionaliza um posicionamento político na forma de uma filiação partidária.

Diante disso, fico fascinado quando um leitor identifica um perfil de esquerda (desculpe, mas na falta de uma categoria melhor para agrupar essa massa disforme vai essa palavra mesmo) em minha matriz de interpretação do mundo e, ato reflexo, me chama de "petista".

Como se todo o petista fosse obrigatoriamente de esquerda (nada mais equivocado) e como se toda esquerda não fosse, em si, muito, mas muito maior que um partido em questão.

Isso parece o que acontecia no início do século passado, quando imigrantes libaneses e sírios eram chamados, por aqui, indiscriminadamente de turcos por causa do passaporte emitido pelo Império Otomano. Isso, é claro, deixava muitos libaneses e sírios indignados.

Lembram do Rachid, da novela Renascer? "Nós não turco, nós li-ba-nês."

Então, para ser bem didático: nós não petista, nós de es-quer-da.

Concordo com ações adotadas pelo governo federal quando elas estão de acordo com meu ponto de vista (como a criação da "lista suja" do trabalho escravo, que publiciza os flagrados com esse crime), pondero as ações importantes mas que precisam de melhorias para efetivarem todas as suas possibilidades (como o próprio Bolsa Família) e me esgoelo de críticas quando o governo vai contra o que acredito como princípio - como a relação bizarra com antigos coronéis da política nacional, a forma com a qual estão sendo levadas a cabo grandes obras de engenharia, como a usina hidrelétrica de Belo Monte, passando por cima de muita gente, e as tentativas de golpes nos direitos trabalhistas e previdenciários.

Fiz uma contagem e vejam só! Este escriba, sem partido, tem a esmagadora maioria de textos criticando políticas do governo. Muita gente acha que não. Por que? Porque muita gente que se diz comunicador não faz a lição de casa: pesquisar antes de escrever.

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