Almanaqueiras: ou não queiras.

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sábado, 3 de janeiro de 2015

Comentários significativos sobre algumas capas de discos


Eticamente, a capa corrobora com os padrões estabelecidos para a época, sem ultrapassar os rígidos conceitos do regime militar sobre o qual o Brasil se encontrava: as chamadas músicas de apartamento bossa-novistas tinham nas produções capistas, de certa forma, o mesmo comedimento que as pessoas tinham em sair às ruas para se encontrar ou tocar seus violões... Era tudo muito recatado, clean e sutil. (Valéria Nancí)



Este desenho de capa do disco de Caetano Veloso apresenta valores ligados à cultura em que foi produzido. Esteticamente, é a representação fiel do que a Tropicália pretendia transmitir: o impacto, a transgressão, a revolta. Eticamente, buscou ser revolucionária, ultrapassando os rígidos conceitos estabelecidos para a época. Era antropofágico e atual. Era tudo muito provocativo, colorido, psicodélico e extravagante. (Valéria Nancí)



Em tempos de ditadura militar, nada melhor que um artista como Tom Zé para ter estampado em sua produção capista algo inusitado e impensado até então: um ânus. Esta capa era "a cara" do embate contra aquele Brasil ditatorial, mas isso só foi possível porque durante muito tempo não se sabia ao certo "o que era aquilo" na produção gráfica do disco. Todos os olhos entrou na galeria das capas mais emblemáticas de todos os tempos. (Valéria Nancí)



Percebemos, que houve pouca preocupação com a harmonia gráfico-visual: algo originalmente retangular, sendo inserido diretamente numa área naturalmente quadrangular. A informação central da capa indica certa mudança de espiritualidade do compositor/cantor, relacionando as tábuas de esmeralda, um pedaço de hermetismo a muitas das canções presentes no LP que se referem à alquimia e ao misticismo. (Luiz Vidal)





Esta foi eleita pela Revista Bizz (2005) como a melhor capa de disco de todos os tempos. Concebida por Andy Warhol, foi considerada extraordinária porque ele assim o foi também. No projeto gráfico, se pensou em tudo: desde o descascar da banana até sua revelação fálica.A ideia seria revolucionária e chamaria a atenção por sua ousadia: ela faria história dali em diante. (Valéria Nancí)



No Brasil, dentre as capas mais emblemáticas da história, a do grupo Secos & Molhados, do seu disco homônimo, aparece sempre como uma das mais votadas: imaginem só oferecer as cabeças de bandeja em plena ditadura militar?! Este projeto gráfico marcou época, foi revolucionário e transformou o grupo Secos & Molhados em referência estética para vários artistas e suas capas de discos. (Valéria Nancí)


De acordo com a Revista Bizz (2005), a capa do grupo de rock americano Nirvana, Nevermind, foi considerada por muitos como uma das mais antológicas da história da música mundial. Não é difícil entender o porquê de essa capa ter marcado época: vivia-se um momento em que a sociedade estava cada vez mais sedenta de consumo: ter por ter; comprar por comprar... E o bebezinho nadando atrás da nota de dólar expressava bem isso. (Valéria Nancí)


Se, por um lado, a função da capa é muito direta e objetiva, sem requintes, por outro, os seus aspectos visuais remetem diretamente ao espírito viril da banda. O preto no branco, eliminando nuances, o corte da fotografia bem rente à torre, para enquadramento, e a pequena inclinação angular no sentido horário, remetem ao falo ereto e, certamente, pronto para copular, aqui em todos os sentidos. (Luiz Vidal)

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