segunda-feira, 5 de maio de 2014

O que falta a essa gente é sensibilidade social, professor. Estamos nessa briga, conta sempre conosco. "Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor"

O cego fiscal do CRM-PB


José Antonio de Albuquerque - 

As declarações do diretor de fiscalização do CRM-PB (Conselho Regional de Medicina) da Paraíba, Eurípedes Sebastião, ao Jornal da Paraíba, foram muito estranhas, ao afirmar que a cidade de Cajazeiras não tem suporte hospitalar para manter um curso de medicina e “quanto mais dois”.

Disse ainda o fiscal que a falta de estrutura hospitalar compromete os estágios pelo fato de contar com apenas no máximo 80 médicos, com os alunos tendo que realizar os estágios em Patos e até em João Pessoa. Eurípedes chegou a fazer uma comparação entre as duas cidades sertanejas colocando que Patos conta com 120 médicos, mas não possui nenhuma faculdade de medicina.

Ora! Que culpa temos nós de Patos não ter nenhum curso de medicina! 

E se os alunos foram para Patos ou João Pessoa foi porque a Universidade lhes deu condições e que importa se é em Cajazeiras ou noutra cidade o local de aprender a ser médico?

O diretor de fiscalização do CRM também lembrou que o curso de medicina da UFCG de Cajazeiras quase foi fechado pelo MEC em anos anteriores, justamente pela falta de aparelhamento.

Lamentável esta lembrança, para um problema que já é coisa do passado e que foi resolvido e tão bem resolvido, que o MEC AUTORIZOU a DUPLICAÇÃO DAS VAGAS de 30 para 60.

Soam estranhas estas declarações deste cidadão. Com que intuito elas foram proclamadas? Existiriam outros interesses por trás delas? A quem poderiam servir? Ou seriam ainda feridas não curadas por ter sido a nossa cidade de Cajazeiras a escolhida e não Patos? 

Ele ainda acrescentou que a Paraíba tem uma das piores distribuições de médicos do Brasil. “Em algumas cidades na Paraíba não vive um médico sequer. É uma distorção muito grande”.

Vejam quanta incoerência! Na Paraíba faltam médicos e porque ser contra a criação de cursos de medicinas? (as suas declarações nos levam a entender isto) Será que ele sabe que alguns concluintes do curso de medicina da UFGC já estão trabalhando em várias cidades do sertão da Paraíba, aonde exatamente estariam faltando estes profissionais?

Este fato me faz lembrar o que aconteceu nesta cidade em 1969, quando o Padre Luiz Gualberto de Andrade escreveu uma carta para uma autoridade da Paraíba (talvez igual a este cidadão) para que ela desse uma opinião sobre a criação de cursos superiores em Cajazeiras e a resposta (e esta carta eu a tenho em meus arquivos), foi a de que: criar cursos superiores em Cajazeiras é a mesma coisa que colocar um chapéu de massa na cabeça de um burro. Passados 45 anos, hoje nós sabemos, talvez, quem seria este burro em quem deveríamos colocar este chapéu.

Este cidadão, talvez, pertença a “elite burguesa pensante” de nosso estado que não deseja ver o sertão da Paraíba crescer e se desenvolver e que permaneça na miséria, no mundo dos excluídos, para que possamos continuar sustentando-a às margens das belas praias paraibanas. Caso nós só devêssemos possuir algum curso quando tudo estivesse as mil maravilhas, hoje em Cajazeiras, não teríamos mais de 10.000 universitários e cinco instituições de cursos superiores.

Foi o curso de medicina de Cajazeiras que fez com que o Estado ampliasse o número de vagas de nosso Hospital Regional, que melhorou muito e vai ficar melhor ainda.
Foi o curso de medicina que possibilitou a ampliação do Hospital Universitário Júlio Bandeira.

Foi o curso de medicina que incluiu a nossa cidade de Cajazeiras no plano de expansão, federal de saúde, para que tivéssemos em breve um Hospital com mais 200 leitos, que se constituirá na maior obra desta cidade na História de seus 150 anos de vida.

Porque temer os avanços de Cajazeiras na área de saúde? 
Sou mais favorável a opinião de um Conselheiro, de Minas Gerais, do antigo Conselho Federal de Educação, ao relatar um processo de um curso de Cajazeiras, em 1972, que mesmo reconhecendo a necessidade de melhorar a estrutura, além de ser favorável, cunhou uma bela frase: “aonde quer que se abra uma escola é uma luz que se acende”.

Diferentemente da opinião deste fiscal do CRM, o próprio CRM-PB foi favorável à sua criação. Talvez, há alguns anos atrás, estivesse lá um fiscal igual aquele mineiro, em 1972, que viu no curso de medicina a ser criado em Cajazeiras, uma luz que deveria ser acesa no Sertão da Paraíba.

Não importa o tempo, ou quanto tempo, ou o tempo deste fiscal, mas o fato único e verdadeiro é que não existe mais cidadão nenhum do mundo que vai barrar, humilhar, menosprezar e impedir que os nossos cursos de medicina deem uma resposta em breve a este achincalhe contra a nossas conquistas.

Este cidadão desconhece a força e a disposição de luta do povo de Cajazeiras e não vamos permitir que “estranhos” venham “impedir” os nossos avanços.
Vamos para a luta.

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