Almanaqueiras: ou não queiras.

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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pereira Filho nos brinda com sua "Quase-Memória"


CAJAZEIRAS - MEMÓRIA XVI
Jose Pereira de Souza Filho



CARTEIRA DE ESTUDANTE

foto meramente ilustrativa

Todo jovem quando completa dezessete anos de idade, a partir daí fica na expectativa para chegar logo aos dezoito anos, porque a partir dessa idade, vai ter a liberdade de frequentar lugares antes proibidos para ele. Exemplo: assistir o filme proibido para menores de dezoito anos. Isso não aconteceu comigo, porque eu, com meus dezessete anos de idade, assistia a filmes para maiores de dezoito no Cine Cruzeiro. Na porta do Cine Cruzeiro, de seu Eutrópio Cartaxo, ficava somente o porteiro Zé Pequeno, que tinha a cara de lerdo (leso, bobão). Mesmo com a carteirinha de estudante no bolso, eu comprava o ingresso de adulto. Do contrário, ele poderia olhar minha idade na carteirinha. Já no Cine Éden, de seu Carlos Paulino, na entrada ficava o porteiro o mudinho (um senhor baixinho, cabelos grisalhos, esperto) e ainda o juiz de menores seu Zezé Careca. Lá, era difícil entrar sem se identificar. Certo dia percebi que seu Zezé não estava na portaria. Comprei o ingresso de adulto e aproveitando um grupo de cinco pessoas que entravam juntos me infiltrei no meio deles, entreguei o ingresso e entrei bem apressado. Ele pensou que eu fizesse parte do grupo. Um outro dia, fui passar sozinho, e não deu certo. Mesmo com o ingresso de adulto, o mudinho me pediu, com gestos, um documento e como eu não tinha, ele me mandou voltar. Fiquei com raiva dele e com os dedos da minha mão direita bati atrás da minha orelha. Ele correu atrás de mim. No mínimo, chamei ele de “filho da p...”
Em tempo: o mudinho do cinema se chamava Euzébio.



O ABAJUR QUEBRADO


Quando menino, eu era meio presepeiro. Por que não dizer presepeiro inteiro. Naquela época, eu já estudava no Grupo Escolar Dom Moisés Coelho e a diretora  era dona Angelina Tavares. Meu horário de aulas era no período da tarde, mas fui ao grupo entregar o boletim na parte da manhã, que já estava assinado por mamãe. Chegando lá, fui direto para a Secretaria entregar o boletim. Aliás, com boas notas. Ao sair da Secretaria, fui até a cantina beber água, que ficava em frente ao pavilhão, local de recreio dos alunos. Bebi a água e, próxima a entrada da cantina, tinha uma bola de futebol de salão (futsal), que algum menino tinha deixado lá. Eu, sozinho, comecei a fazer embaixadinhas com a bola e, num certo momento, dei um chute forte e a bola foi em direção a um abajour próximo a cantina. O abajur caiu, quebrou e corri. Pulei o muro do grupo, que ficava colado a rua de seu Zé Satura (que fazia carrocerias de caminhão). Cheguei em casa e fiquei calado sem comentar nada para mamãe. Fiquei a pensar como seria eu chegar a tarde para assistir aula. Como notícia ruim corre rapidamente, menos de meia hora depois meu irmão Toinho, que estudava comigo á tarde, já chegou falando para mamãe sobre o acontecido. Algum funcionário do grupo falou pra ele sobre o que aconteceu. Ao concluir sua informação para mamãe, ela me chamou e como eu não neguei, ela pegou uma corda, me deu uma surra daquelas que ficou as marcas nas minhas costas. À tarde, quando cheguei no grupo para assistir as aulas, dona Angelina me chamou e disse que eu ia pagar o abajur, e se não pagasse iria pegar três dias de suspensão. Como eu já tinha levado a surra, falei pra ela: “pode me dar a suspensão, porque eu já paguei”.



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