Soneto genial do Gregório de Mattos
(Salvador BA 1623-1696):
ORAÇÃO
Na oração, que desaterra a terra,
Quer Deus que a quem está o cuidado dado,
Pregue que a vida é emprestado estado,
Mistérios mil, que desenterra enterra.
Quem não cuida de si, que é terra, erra,
Que o alto Rei, por afamado amado,
É quem assiste ao desvelado lado,
Da morte ao ar não desaferra, aferra.
Quem do mundo a mortal loucura cura,
A vontade de Deus sagrada agrada,
Firma-lhe a vida em atadura dura.
Ó voz zelosa que dobrada brada,
Já sei que a flor da formosura, usura,
Será no fim desta jornada nada.
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