Uma oposição atônita
BRASÍLIA - É até chato falar outra vez da incapacidade operacional da oposição, mas nesta semana os tucanos se excederam. Na segunda-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu o anúncio imediato da candidatura ao Planalto de Aécio Neves.
No mesmo dia, o senador do PSDB reagiu costeando o alambrado. Disse que ainda não era a hora.
Em resumo, uma falta de coordenação absoluta. Se o PSDB fosse uma empresa, o episódio seria uma tragédia gerencial. O presidente do conselho de administração e homem mais respeitado do grupo (FHC) anuncia um novo projeto a ser lançado na hora do almoço. A imprensa é convocada. Na hora H, o responsável direto pelo empreendimento (Aécio) declara que não está no momento de fazer uma afirmação peremptória a respeito.
A empresa do exemplo acima provocaria uma queda imediata no valor de suas ações em Bolsa. É o que tem se passado com a oposição.
Além da governança capenga, a oposição parece mais propensa a esperar um erro do adversário do que perseverar por um acerto dentro de sua própria seara.
Há duas expectativas que norteiam hoje os maiores partidos anti-Dilma. Primeiro, a esperança de que os eleitores das novas classes médias mudem o seu patamar de exigência e acabem achando que o petismo até ajudou, "mas está na hora de trocar". Segundo, torcer para colar na atual presidente a pecha de gestora incompetente.
FHC também tem dito que o PSDB precisa "ouvir mais o povo" para se reconectar com uma parcela maior do eleitorado. Boa sugestão. O problema é que tal tipo de relação não se constrói em um ano ou dois. Trata-se de tarefa de uma geração.
O PT, para o bem ou para o mal, durante décadas militou diretamente nos sindicatos e em outros movimentos sociais. Os tucanos nunca fizeram nada nem próximo disso.
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