Almanaqueiras: ou não queiras.

Almanaqueiras: ou não queiras.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Ivan Lins grita no Facebook, para quem quiser ouvir. Ouvimos, e aqui reproduzimos.


Aquela esperança de tudo se ajeitar, pode esquecer


Queridos amigos,


Lendo a matéria de Gil no O Globo esta semana, me vem alguns pensamentos. Penso que com as políticas de melhoria de poder aquisitivo das camadas sociais mais baixas, que lentamente vêm sendo aplicadas, provocam um aumento de consumo natural, mesmo que em muitos casos a dívida destas classes também tem aumentado. Mas, afinal, gente que nunca tinha tido acesso ao consumismo, agora o faz e tem certo prazer, naturalmente. E, claro, AS EMPRESAS DE LUCRO SABEM DISSO, empresas essas onde se incluem as do comercio em geral, a industria de bens de produção, e empresas de mídia aberta, ou sejam, radio e televisão. Em relação a estas 2 ultimas, 99% de suas programações estão voltadas incisivamente para este novo publico. Claro que a primeira consequência é o claro e forte investimento das gravadoras em musicas que atendam a essa faixa de publico, quais sejam: as classes C, D, E, F, G e H.
O resultado é que o que se pode chamar hoje de MPB, muda para Musica Popular Brega. A tendência é que o país se torne musicalmente brega. Para que gente com mais qualidade possa ter chance na mídia aberta, essa de que falo e que domina a mídia, terá que namorar certas atitudes bregas, certos pioramentos melódicos e radicais pioramentos harmônicos, assim como fazer dos textos bastantes menos criativos e profundos, usando palavras que juntas formariam um dicionário de 10 páginas. O primitivismo de certas bandas de rock, com seu ruído atordoador, também acabam se inserindo nesta fruteira, pois não levam os jovens a lugar nenhum. Claro que há raríssimas exceções, mas o movimento geral tenta dar á musica brasileira em geral um estado de alegre torpor, um estado de alienação "bacana meu irmão", onde o agitar o corpo e secar o pensamento deixam todos com uma sensação de felicidade interessante e desinteressada. Tão interessante, que não percebem que a nação é assaltada na cara de todos por um sorridente poder publico altamente profissionalizado, através de um bom tempo de nosso silêncio e requebros nos salões, o que os fez eficazes, ricos e com um aumento de riqueza sorrindo para seus futuros. Através de uma pesquisa, que meu pai, economista, engenheiro e consultor, fazia, antes de partir, apareciam números, que meu pai dizia estarem próximos da realidade: a corrupção e a ineficiência no poder publico, desde o presidentes até as autarquias municipais, eram responsáveis pelo Brasil crescer a 1/6 do que poderia. Ou seja, 5/6 do nosso PIB desaparece no ralo, na nossa cara, desavergonhadamente, sem resistência quase nenhuma, sem indignação quase nenhuma, onde a dentadura de achaque morde religiosamente todas as obras publicas, obrigatoriamente superfaturadas pela lei desses "tubarões" (expressão "zecarneiz"), onde todos são obrigados a seguir. Se vcs imaginassem o quanto esses caras roubam de nós, do povo, deste país, daria pra fazer um outro país. Lembrem bem, 5/6 do PIB, que poderiam nos dar uma saúde de 1º mundo, educação de 1º mundo, segurança de 1º mundo e nos deixa nesta situação ridícula face a outros países do mundo. Esses caras zombam da gente. São espertos e cara de paus. Verdadeiros atores... excelentes atores, melhores que muitos que são profissionais do palco. E como já sabem que nós não vamos fazer porra nenhuma mesmo, preparam mega eventos, onde investimentos altíssimos serão aplicados, e a mordida de sempre pronta, se já não estiver na conta deles. E nós aplaudindo, reelegendo, achando tudo muito legal. Esses caras não tem menor amor pelo país, não são generosos, não são altruístas, têm sangue de barata, interesses pessoais sempre acima dos da coletividade.
Prevalece aquela velha frase do email: fulano@mas-faz.com quero lembrar que a Policia Federal tem limites de atuação, e muitas vezes, são ordenados a blindar gente muito safada. Fazem bom trabalho? Fazem sim, mas ainda muito pouco pelo tamanho monstruoso do assalto. Querem saber: to de saco cheio disso tudo. Só saio de casa e vou pra rua quando o país, digo o PAÍS inteiro, for pras ruas contra essa roubalheira de 3 décadas e devolução de nosso suado dinheiro!!!! Sim, tô de saco cheio, mas com aquela remota esperança de que um dia uma revolução pacifica, mas dura, reverterá esse quadro e essa leve e particular sensação de que nós que fazemos arte de qualidade (musica, no meu caso) estamos suavemente, gradualmente, sendo exterminados. A profissionalização a que Gil se refere é fundamental, mas,enquanto essa profunda alienação permanecer, uma melhoria substancial no nosso poder publico, no nosso congresso, não se fizer urgente, muito pouca coisa mudará com a consistência devida para se tornar um caminho seguro.

Grande abraço,

Ivan

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