Ex-cerveja mais cara, Deus sai a menos de R$ 100 este mês
Por Roberto Fonseca - Estadão
Quem acompanha o noticiário cervejeiro há algum tempo já deve ter ouvido a história de que, um dia, a Deus foi vendida a R$ 10 em uma das lojas paulistanas de uma conhecida rede de supermercados. Muita gente diz ter ouvido essa notícia de fontes confiáveis, alguns até juram ter comprado. Mas, até hoje, o fato tem cara de “lenda urbana”, como o “verão da lata”, no Rio de Janeiro (para não fazer apologias indevidas, sugiro que o incauto leitor pesquise na rede sobre essa particular estação dos anos 80) ou o tanto de gente que garante ter visto a final da Copa de 1950 no Maracanã.
O fato é que, desde que começou a ser vendida no Brasil por meio do Belgian Beer Paradise, há coisa de uma década, a Deus sempre teve status de cerveja de alto custo. Foi, por muito tempo, a mais cara entre as disponíveis no Brasil – batia na casa de R$ 250, mas era possível achar a R$ 200. Hoje, não é mais: seu valor se reduziu para a casa de R$ 140/R$ 150 e ela foi ultrapassada por concorrentes como a Berseel Morning, da italiana Birrificio del Ducato, e por outras em diferentes volumes (na relação real por mililitro). Mas ainda figura no “top 10″ de valores, o que sempre despertou discussões sobre o quanto ela custava na Bélgica e no Brasil e, até mesmo, se ela “era tudo isso” para custar tanto.
Trata-se de uma belgian strong ale de 11,5% produzida pelo método champenoise. E, de fato, é bem interessante, justamente pela similaridade com o champanhe. Mas não é uma cerveja para o dia a dia (ao menos, não o meu). Tomei-a apenas duas vezes na vida, por causa do preço, a última em 2010. Até que, outro dia, comecei a ouvir outra história, em conversas com amigos, sobre a redução de preço da cerveja.
Claro que não é uma “barbada” como os supostos R$ 10 do Carrefour, mas sim R$ 89,90, na rede Pão de Açúcar, durante o mês de dezembro. A promoção começou a valer esta semana. Antes disso, algumas garrafas foram colocadas em poucas lojas, o que me levou a uma busca para confirmar a veracidade da história. Passei por sete delas. Em Pinheiros, onde uma fonte jurava ter visto a cerveja na gôndola, dei com os burros n’água – e com meu próprio focinho também na saída, ao ser atingido por uma chuva de proporções bíblicas. A redenção veio na segunda-feira, quando encontrei uma única garrafa. Até fiz a foto acima para provar, sendo advertido pelo pessoal da loja de que era proibido registrar imagens ali.
Continua sendo caro pagar R$ 89,90 pela Deus? Sim, até porque há belas cervejas belgas de 750ml pela metade do preço. Mas é uma cerveja que vale a degustação, e, nesse caso, tanto melhor pagar menos. Pode ser uma boa opção para o réveillon no lugar do champanhe. Nessa categoria, há a também belga Malheur e as brasileiras Eisenbahn Lust e Wäls Brut.
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