Entre a angústia e a eficiência
A notícia de apreensão de menores da classe média e alta fumando maconha sempre rende um bom espaço na pauta policial. Se um dos menores for o filho do secretário de Segurança Pública, como aconteceu hoje em João Pessoa, ainda mais.
Claro que o caso é, por si só, curioso e pode merecer, inclusive, registro na imprensa nacional. É preciso apenas, diante do fato, não confundir problema familiar com crise de governo. Explico. A apreensão do filho de 17 anos do secretário de Segurança Pública da Paraíba, delegado Cláudio Lima, é desoladora para o pai e não para o secretário.
Ao contrário, quanto ao secretário, corrobora exatamente com que o discurso das autoridades de segurança pública na Paraíba tem anunciado, sob forte contestação da oposição e de parte da sociedade. De que as polícias da Paraíba vêm combatendo ostensivamente o tráfico e consumo de drogas no Estado, que estão desbaratando quadrilhas, e, especialmente, estão nas ruas prontas para tirar de circulação qualquer um que deponha contra a ordem pública e a vigência das leis.
Em suma, de que o negócio está tão rigoroso que estão apreendendo até filho de secretário de Segurança Pública. Imagine o filho dos outros.
Tal rigor foi observado também em outras ações do governo, quando da apreensão de veículo do empresário Roberto Santiago, um dos homens mais ricos do Estado e, segundo dizem os oposicionistas, amigo pessoal do governador. Foi observado, inclusive, quando anunciaram que o próprio governado tinha perdido a Carteira de Motorista por multa aplicadas à veículo que estavam em seu nome.
Assim, não havendo privilégio algum, nem tampouco abusos, no tratamento do filho do secretário Cláudio Lima, o caso é típico pra registrar rigor e eficiência da polícia na Paraíba. E, especialmente, impessoalidade por parte do secretário, que, até agora, não quis impedir, do alto da autoridade que representa, sentindo na própria pele a dor de cumprir o dever contra o próprio filho, a ocorrência policial em discussão.
Neste caso, se houve alguma falha ou deficiência, foi do pai Cláudio Lima - que ao dedicar a vida ao combate ao consumo de drogas teve a infelicidade de não conseguir afastar o próprio filho delas - e não do secretário, que merece ainda mais respeito pelo episódio, ao denotar, como dissemos, gritante impessoalidade e comprovada eficiência.
Sob o aspecto familiar, quem, porventura, tiver coragem de atirar a primeira pedra a um pai que, por uma outra razão, não pode deixar o filho longe do consumo da maconha, que o faça. Eu, pai também, prefiro tirar exemplos de casos como estes e voltar ainda mais meu olhar para minha descendência.
A luta pelo combate às drogas é individual e coletiva. A individual começa em casa e é dever da família. A coletiva está nas mãos, essencialmente, das autoridades competentes. Para esta, Cláudio Lima tem apresentado resultados positivos. E qualquer um que deseje o bem das pessoas vai torcer que ele vença também a luta em casa.
Revestido tão somente da autoridade paterna, cujo amor transcende o rigor das leis. E não merece, por isso, punição.
Fonte - Blog Luís Tôrres
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