sexta-feira, 27 de julho de 2018

Cajá, como era conhecido por sua condição de cajazeirense

PARAIBANOS REAGIRAM À PRISÃO DE UM SEU CONTERRÂNEO



Rui Leitao

Resultado de imagem para Edval Nunes da Silva.

Embora fossem claras as manifestações de vontade do presidente Geisel em promover a abertura democrática no país, de vez em quando éramos surpreendidos com a repetição de prisões e torturas de pessoas sob o argumento de que seriam subversivas. Foi o que aconteceu em Recife com o estudante paraibano Edval Nunes da Silva.

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Cajá, como era conhecido por sua condição de cajazeirense, foi seqüestrado pelas forças militares da ditadura no dia treze de maio de 1978 e estava sendo mantido em regime de incomunicabilidade, certamente submetido a sessões de tortura. Ele era aluno da Universidade Federal de Pernambuco. Integrava a Equipe Pastoral da Juventude Regional do Nordeste e participava da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife.

Ao tomar conhecimento do fato, a Arquidiocese da Paraíba decidiu realizar um ato público de protesto, sob a coordenação de Dom Marcelo Carvalheira, bispo auxiliar. Na Assembléia Legislativa o deputado Bosco Barreto, conterrâneo do jovem preso, discursou convocando os paraibanos a se incorporarem a essa manifestação, programada para a noite do dia vinte. O parlamentar lamentava que “ainda existissem no país essas aberrações jurídicas, com pessoas sendo injustificadamente sendo presas e torturadas”. O deputado Paulo Gadelha também convidava todos a participarem “desse ato de fé e solidariedade humana”.

O chamamento de Dom Marcelo para o evento dizia que a prisão de Cajá era “uma atitude contra toda a Igreja do Nordeste e todos aqueles que lutam em defesa dos oprimidos. Esse ato de violência deixa evidente para todos nós que ainda vivemos em tempos de perseguição e de negação dos direitos humanos mais elementares”.

Às dezenove horas, após a celebração de uma missa, o grande público que se fazia presente ao Adro da Igreja São Francisco, iniciou uma passeata pela rua Duque de Caxias até o Ponto de Cem Réis, retornando pela General Osório até a Praça do Bispo. Os religiosos caminhavam com suas vestes litúrgicas. Uma comitiva de estudantes pernambucanos veio para participar da atividade de protesto contra a prisão do seu colega e a exigência da sua soltura. Os manifestantes cantavam as canções “Caminhando” e “Disparada” de Geraldo Vandré durante todo o trajeto da caminhada.

Era a demonstração de que estava cada vez mais acesa a chama da luta em favor da redemocratização e que a população não aceitava mais os procedimentos truculentos e cruéis que marcaram os anos sombrios da ditadura militar.

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