Almanaqueiras: ou não queiras.

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

"Um sintoma promissor de progresso social."

Da primeira vez que ouvi, foi a Band News FM: "Morre Suzana de Moraes, casada com Adriana Calcanhoto". Assim, sem mais. Achei surpreendente e bacana que de Suzana se dissesse que era casada com Adriana. 



Não o "tinha um relacionamento com..." nem o mais ousado "companheira de..." - casada. Pronto. Cheguei em casa à noite em tempo de ouvir no Jornal Nacional "...Suzana de Moraes, esposa de Adriana Calcanhoto". Nossa! Até no mais tradicional jornal da família brasileira, que se ouve (não necessariamente se vê) durante a janta e antes da novela, dá assim, como "a mulher de Adriana", sem ressalvas, hesitação, eufemismo ou comentários? Curioso, parti para o Google. 

"Esposa de Adriana", "casada com Adriana", "mulher de Adriana" eram praticamente unânimes como designadores de Suzana de Moraes nos jornais online e portais de notícias.

Hoje ainda, caboclo desconfiado que sou, busquei no Twitter, no Facebook ou nos rodapés das notícias dos jornais na Internet alguma reação contra a naturalidade do anúncio de que duas pessoas do mesmo sexo, consideravelmente célebres, eram casadas entre si. Nada.

Pois bem, justo eu, que por dever de ofício vivo fuçando no lado sombrio da opinião pública, confesso que fiquei encantado. A naturalização daquilo que há bem pouco era tabu ou interdição sempre me parece um sintoma promissor de progresso social.

 Lamento que tenha ocorrido na ocasião da morte de Suzana de Moraes, mas saúdo o começo de um mundo em que casamento de homossexuais não seja mais assunto ou sobressalto. Apenas uma constatação.

Wilson Gomes


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