quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

É tudo uma questão de opiniões.

A palavra “meritocracia'' funciona em um debate como um coringa num jogo de buraco: quando falta carta para bater, ela aparece para salvar uma sequência incompleta. 


Não fica lá a coisa mais bonita do mundo, mas resolve sua vida porque todo mundo aceita que aquela carta pode preencher um vazio. Exemplos:

“Discordo de cotas étnicas, sociais ou por cor de pele no vestibular porque defendo a meritocracia.''

“A preferência para pessoas com deficiência em seleções de contratação é, a meu ver, um erro porque não segue a meritocracia.''

“Se vivêssemos em uma sociedade em que a meritocracia valesse algo, não haveria porcentagem mínima obrigatória de mulheres candidatas em cada partido nas eleições.''

Qualquer pessoa racional não é contra que competência e experiência individuais sejam parâmetros de avaliação.

O problema é que o uso dessa palavra como verdade suprema acaba servindo a quem ignora que as pessoas não tiveram acesso aos mesmos direitos para começarem suas caminhadas individuais e que, portanto, partem de lugares diferentes. Uns mais à frente, outros bem atrás.

Leonardo Sakamoto

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