Almanaqueiras: ou não queiras.

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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Subnitrato de pó de bosta


Importância 


Eduardo Almeida Reis - Estado de Minas



O leitor já deve ter notado que todo mundo se considera muito importante. É raro encontrar cavalheiro ou dama que tenha consciência de suas limitações. Pensando bem, pelas nossas ópticas somos importantíssimos, mas só no que nos diz respeito; no contexto mundial, cada um de nós é subnitrato de pó de bosta, mas vai convencer alguém de sua desimportância. Outro mal de que padecemos é achar que estamos resolvendo todos os problemas da humanidade, quando não conseguimos resolver os nossos problemas. Tempos atrás, tive um problema com um chefe de portaria, importantíssimo como todo chefe de portaria. Tê-lo-ia demitido se procurasse o dono da empresa, muito meu amigo, mas achei melhor deixar o pobre coitado para lá. Dentro de alguns anos, se continuar no emprego, ele vai se aposentar como chefe de portaria. Desejo que seja feliz. 

Em rigor, além do guardinha da esquina, não existe gente que se considere mais importante do que os condutores de veículos automotores. Choferes, cinesíforos, condutores, motoristas de ambos os sexos, ou dos 11 sexos que o psiquiatra Pamplona da Costa alinha em seu livro, se acham importantíssimos, buzinam, xingam, brigam e se matam no trânsito. Morro de rir dos imbecis que ficam furiosos quando, dirigindo, deixo um carro entrar à frente do meu. O condutor do veículo que vem atrás fica uma onça, porque perde seis ou sete metros no engarrafamento em que nos metemos. Se soubesse o prazer que me dá com a sua fúria, cuidaria de buzinar mais, piscar os faróis, abanar o braço para fora do seu carro.

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