Almanaqueiras: ou não queiras.

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quarta-feira, 6 de junho de 2018

todos de olhos na boutique.

Homens de negócios na corrida presidencial 

Bernardo Mello Franco


Na terça-feira, o empresário Josué Gomes deixou seu império têxtil para desfilar pelo Congresso. O dono da Coteminas conversou com Rodrigo Maia e se reuniu com deputados do PR. Ele tenta emplacar como candidato a presidente, depois de ser cotado para vice de Lula, Ciro e do nanico Flávio Rocha.

Na ausência de outsiders com votos, como Luciano Huck e Joaquim Barbosa, os políticos passaram a cortejar outsiders com dinheiro. É o caso do filho de José Alencar, vice-presidente nos dois mandatos de Lula.

Josué quer ser o candidato do centrão, uma geleia de partidos especializados em fechar negócios no varejo. Em 2014, disputou o Senado pelo MDB. Perdeu. Em abril, filiou-se ao PR, do mensaleiro Valdemar Costa Neto. A sigla apoia Temer e controla o Ministério dos Transportes.

O empresário tenta manter pontes com o lulismo e com os grupos que patrocinaram o impeachment. Para não desagradar ninguém, evita polêmicas e se limita a repetir platitudes. Na terça, disse que “todo mineiro gosta de política” e que “o centro pode contribuir para o país”.

O dono da CSN, Benjamin Steinbruch, também se aquece para a corrida ao Planalto. Ele se filiou ao PP, outro partido do centrão, e pode virar o vice de Ciro. Seria uma chapa exótica. O pedetista promete revogar a reforma trabalhista, que define como “uma porcaria”. Steinbruch prefere radicalizá-la. Já defendeu coisas como a redução do horário de almoço dos trabalhadores para 15 minutos. Numa entrevista, disse que o operário pode se alimentar com uma mão enquanto opera máquinas com a outra.

Dono da Riachuelo, Flávio Rocha também pôs seu jatinho a serviço do sonho presidencial. Ex-collorido, ele chama movimentos sociais de “terroristas” e tenta disputar o eleitor de ultradireita com Jair Bolsonaro. Sua campanha já uniu o MBL e a Igreja Universal.

Os políticos cortejam os milionários porque eles podem bancar as próprias ambições, liberando dinheiro para candidatos a deputado. Josué, Steinbruch e Rocha herdaram suas fortunas, mas o marketing deve vendê-los como self-made men. Depois que João Doria virou o “João Trabalhador”, nada impede que o eleitor seja apresentado ao “Benjamin Metalúrgico” ou ao “Josué Tecelão”.

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