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sexta-feira, 1 de junho de 2018

temer entra em greve

O Supremo Tribunal Federal declarou legítima a paralisação: 'É nocaute!'

Renato Terra 


Inspirado pelos caminhoneiros, petroleiros e pelos Três Mosqueteiros, Michel Temer resolveu paralisar seu governo.

Em cima de uma tumba, o presidente discursou: "Médicos trabalharão em condições precárias, policiais andarão desprotegidos pelas ruas, professores receberão parcos salários, não haverá dinheiro para a ciência, trabalhadores não terão mais a proteção da CLT", disse, de braços cruzados, sob o olhar atento de Marcela e Michelzinho.

Temer também anunciou que não negociará mais com os caminhoneiros, com os petroleiros e com os bandoleiros do Congresso. "Se der algum problema pontual, alguém manda as tropas militares para resolver", bradou, num megafone. Em seguida, entrou num esquife de prata e hibernou.

O vídeo, publicado na internet, causou indiferença. Segundo o Datafolha, 96% dos brasileiros acreditam que Michel Temer está em greve desde junho de 2017. "É a greve dentro da greve dentro do golpe dentro do golpe", resumiu Gleisi Hoffmann.

O Supremo Tribunal Federal declarou legítima a paralisação de Michel Temer. "É nocaute! Está previsto nas regras. Basta contar até dez e ver se ele levanta", explicou o decano Celso de Mello. Além disso, Gilmar Mendes já havia costurado um terno para Michel Temer usando um fio especial produzido a partir da celulose de 666 habeas corpus. "Ele está imune, como Highlander", salientou Gilmar.

"O Brasil parou, 20 greves em 2", resumiu o publicitário Elsinho Mouco. Em seguida, anunciou que cruzará os braços até que suas peças voltem a ser aprovadas por Michelzinho.

No final da tarde, a governanta do Palácio do Jaburu encontrou um pergaminho com as demandas de Michel Temer para encerrar sua greve. Após ler detalhadamente cada ponto, ela amassou o delicado papel e, sem a anuência de ninguém, jogou no lixo.

CONTADOR
Estamos trabalhando há 79 dias sem saber quem matou —e quem mandou matar— Marielle Franco.

Renato Terra
Roteirista e documentarista escreve coluna voltada à sátira jornalística

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