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quarta-feira, 13 de junho de 2018

Custa caro e costuma trazer mais ônus políticos do que benefícios.

Kim 7x1 Trump

Helio Schwartsman




Para um país normal, isto é, inserido na comunidade internacional e sem contenciosos existenciais com seus vizinhos, manter um arsenal nuclear é mau negócio. Custa caro e costuma trazer mais ônus políticos do que benefícios.

Não é coincidência que nações tecnologicamente desenvolvidas, como o Japão e a Alemanha, não tenham, no pós-guerra, buscado obter esse tipo de armamento. Há até casos de países que já tiveram bombas, mas optaram por abrir mão delas, como o fizeram a África do Sul e algumas repúblicas da antiga URSS.

O problema é que nem todos os países são normais. Há situações em que o domínio da tecnologia nuclear bélica se mostra vantajoso. É o caso da Coreia do Norte. Não fosse por suas bombas, ela seria apenas mais um Estado falido. Nada a distinguiria de outras ditaduras do planeta, boas em violar os direitos humanos de seus cidadãos, mas incapazes até de alimentá-los.

É só porque conseguiu desenvolver um programa nuclear completo que Kim Jong-un acaba de encontrar-se numa reunião de cúpula com o presidente dos EUA, o que de algum modo legitima seu regime tirânico. Pior, ele arrancou de Donald Trump, que parece estar mais preocupado em posar de estadista do que em abordar problemas de forma consistente, um acordo vago, muito parecido com outros acertos que Pyongyang já descumpriu no passado. Kim ganha assim tempo e alguma segurança de que seu país não sofrerá ataques nem nova rodada de sanções.

Não afirmo que o problema da nuclearização da Coreia do Norte seja fácil de resolver, se é que tem uma solução. O ponto é que a forma voluntarista com que Trump lidou com a situação transmite a ditadores a mensagem de que desenvolver bombas atômicas é um bom negócio. É um jeito rápido de erguer nações fracassadas à condição de pares dos EUA —e sem necessidade de respeitar direitos humanos, promover abertura etc.

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